Segundo a PF estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF. São investigados os crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção e questionam a transparência de emendas.
Sexta-feira, (12) de dezembro de 2025
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| Assessora de Lira é alvo da Polícia Federal por suspeita de corrupção Foto: Reprodução/Linkedin/Câmara dos Deputados |
Segundo informações apuradas, policiais federais realizaram buscas em salas utilizadas pela servidora dentro da Câmara dos Deputados e também na residência dela. Não houve qualquer diligência no gabinete do deputado Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara.
O alvo da investigação é Mariângela Fialek, servidora da Casa com longa trajetória em funções de assessoramento legislativo e administrativo.
Mariângela Fialek atua em um setor estratégico da Câmara responsável pela organização e operacionalização da indicação de emendas parlamentares, área central no funcionamento do Orçamento da União e na relação entre Congresso e Executivo.
Com formação em Direito e quase duas décadas de atuação no serviço público, Fialek construiu carreira com trânsito por áreas sensíveis do Estado. Durante o governo Jair Bolsonaro, ocupou cargo no Ministério do Desenvolvimento Regional, então comandado por Rogério Marinho, onde chefiou a assessoria de relações institucionais da pasta.
Foi nesse período que ela passou a integrar o Conselho Fiscal da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), por indicação do próprio ministério, ao qual a estatal era subordinada à época. Fialek permaneceu como conselheira da Codevasf até 2023, período em que a empresa ampliou de forma significativa sua atuação como executora de recursos provenientes de emendas parlamentares.
No Legislativo, Fialek esteve lotada, de 2021 até o início de 2024, em estruturas administrativas ligadas à Presidência da Câmara durante a gestão de Arthur Lira. Atualmente, segue exercendo função na liderança do PP. Dados do Portal da Transparência da Câmara indicam que ela recebeu remuneração de cerca de R$ 23 mil em novembro, valor compatível com cargos de assessoramento da Casa.
A Codevasf tornou-se, nos últimos anos, um dos principais símbolos das controvérsias envolvendo o modelo de execução de emendas parlamentares. A estatal foi amplamente utilizada para viabilizar obras de pavimentação urbana, convênios e a compra de máquinas e equipamentos, frequentemente alvo de questionamentos sobre transparência, controle e critérios de escolha.
Relatórios do Tribunal de Contas da União e investigações da Polícia Federal apontaram indícios de irregularidades em licitações, direcionamento de contratos e fraudes documentais envolvendo a empresa. Em operações anteriores, a PF identificou esquemas de desvio de tratores e implementos agrícolas adquiridos com recursos públicos, inclusive com a utilização de documentos falsos.
O protagonismo da Codevasf cresceu especialmente durante o período do chamado orçamento secreto, mecanismo que concentrou poder no comando do Congresso e permitiu a distribuição de recursos sem identificação clara dos autores das emendas ou dos critérios de destinação. O modelo foi considerado inconstitucional pelo STF em 2022, diante da falta de transparência e rastreabilidade.
A operação desta sexta-feira recoloca esse histórico no centro do debate político e institucional. Ao avançar sobre estruturas internas da Câmara e atingir uma servidora com atuação direta na engrenagem das emendas parlamentares, a investigação reacende questionamentos sobre o funcionamento do sistema de execução de recursos públicos e o papel de órgãos federais nesse arranjo.
Procurada, a assessoria de Lira reforçou que atualmente Fialek não é assessora do Lira e que não houve busca alguma no gabinete de Lira.
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