DEPUTADOS ELEVAM O TOM E DIZEM QUE MOTTA NÃO TEM MAIS CONDIÇÕES DE PRESIDIR A CÂMARA

Terça-feira, (09) de dezembro de 2025
A retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da Presidência da Câmara desencadeou um movimento imediato de parlamentares governistas contra Hugo Motta (Republicanos-PB), acusado de perder as condições de seguir no comando da Casa.

Sob ameaça de cassação por quebra de decoro, Glauber ocupou a cadeira da Presidência por cerca de uma hora. A Polícia Legislativa foi chamada e o retirou à força, em meio a tumulto e relatos de agressões a parlamentares. Em seguida, a Mesa restringiu o acesso ao plenário, expulsando jornalistas e assessores, o que inflamou ainda mais o clima.

Mais tarde, quando a sessão foi retomada. Parlamentares da base fizeram discursos duros, com críticas públicas inéditas.

Quem abriu a reação foi o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ):
Vossa excelência está perdendo as condições de seguir na presidência dessa Casa.
Na mesma toada, Tarcísio Motta (PSOL-RJ) declarou que o presidente “não está à altura de presidir a Câmara”.

Erika Kokay (PT-DF) acusou Motta de violar o próprio regimento ao retirar a imprensa:
Houve violência contra parlamentares que estão sendo atendidos neste momento, carregando na pele a violência propagada por vossa excelência. É preciso que reveja sua atitude.
Ao sair do plenário, Glauber falou rapidamente à imprensa, acompanhado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e por aliados do PSOL. Em seguida, seguiu para atendimento médico.

Antes, afirmou que permaneceria “até o limite das forças” e criticou o que chamou de tratamento distinto dado pela Mesa a bolsonaristas que ocuparam a mesa diretora em 2023.

Governo tenta adiar dosimetria
A confusão ocorre em um dia de pauta carregada e sensível para o Palácio do Planalto. O governo tenta adiar a sessão para retirar de votação o projeto da dosimetria, depois que o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou que o texto pode reduzir a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro a dois anos e três meses em regime fechado.

Em contrapartida, está em pauta um item considerado prioridade para o Executivo, o projeto do devedor contumaz, também previsto para hoje. Governistas estão dispostos a deixar a proposta de lado, que é uma prioridade fiscal para a Fazenda, como um gesto de apoio a Glauber e em prol do adiamento da dosimetria.

Motta perdeu condições de seguir na presidência, diz Lindbergh
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou na tribuna nesta terça-feira (9) que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), “está perdendo as condições de continuar” no cargo. Segundo o parlamentar, Motta pode responder por crime de responsabilidade ao não decretar a perda do mandato do deputado delegado Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo STF.

Durante o discurso, Lindbergh declarou que a decisão sobre Ramagem desrespeita determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. O presidente da Câmara decidiu submeter o tema ao voto do plenário, em vez de cumprir diretamente a decisão judicial. O petista também criticou a condução dos trabalhos legislativos ao longo da sessão.

As falas não foram respondidas imediatamente por Motta no plenário. Na mesma sessão, a Câmara prosseguiu com a votação de um projeto sobre regularização de terras públicas em áreas de fronteira. O rompimento político entre Motta e o líder do PT ocorreu em novembro, após divergências sobre a condução de um projeto relacionado ao combate a facções criminosas.

Lindbergh também criticou a retirada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da presidência da Câmara. O parlamentar ocupou o assento como forma de protesto contra a decisão de Motta de pautar o processo que pede a cassação de seu mandato. A Polícia Legislativa retirou Braga do local após ele se recusar a sair.

O líder do PT afirmou que houve tratamento diferente em relação a parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro que ocuparam a cadeira da presidência em agosto, os quais só deixaram o local após negociações e sem punições. O episódio foi citado como comparação no discurso desta terça-feira (9).

Lindbergh também criticou a inclusão, na pauta do dia, de um projeto que reduz penas de condenados pelos atos golpistas. Após as manifestações no plenário, Hugo Motta publicou declaração em redes sociais afirmando que atua para “proteger a democracia do grito, do gesto autoritário e da intimidação travestida de ato político”. 


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