ARSENAL DO CRIME ORGANIZADO FICOU MAIS FORTE E RENOVADO APÓS DECRETOS PRÓ-ARMAS DE JAIR BOLSONARO

Estudo do Instituto Sou da Paz investigou 255,9 mil apreensões realizadas pelas polícias estaduais e pela Polícia Federal
Segunda-feira, (08) de dezembro de 2025
O arsenal do crime no Sudeste ficou mais forte, mais moderno e mais novo após os decretos pró-armas editados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo estudo do Instituto Sou da Paz. A pesquisa indica que a flexibilização no acesso a armamentos alterou o perfil das armas apreendidas e impulsionou a migração de modelos recém-adquiridos no mercado legal para o universo criminal.

O levantamento, que analisou 255,9 mil apreensões entre 2018 e 2023, mostra que pistolas 9 mm tiveram salto expressivo após a norma assinada por Bolsonaro em 2019. Elas representavam 28,5% das apreensões de pistolas no Sudeste em 2018 e passaram a 50,5% em 2023, mesmo sendo antes restritas a forças policiais e militares.

Paralelamente, revólveres perderam espaço: de 42,2% para 37,6% no período. Em São Paulo, a tendência se repete, com a participação das 9 mm nas apreensões saltando de 8,4% para 37,2%.

O estudo revela que as armas apreendidas são cada vez mais recentes. Em 2018, 170 armas fabricadas até dois anos antes da apreensão foram retiradas de circulação em São Paulo; em 2023, o número subiu para 843.

Para o instituto, isso indica que “armas recém-adquiridas no mercado legal estão migrando rapidamente para o universo criminal”. Fuzis também tiveram aumento: foram 4.444 apreensões no Sudeste, das quais 910 em São Paulo, passando de 0,9% para 1,5% das apreensões no estado.
Fabricantes clandestinos e impacto dos CACs

O número de armas artesanais caiu, mas elas permanecem relevantes pela alta potência — como demonstra o caso da fábrica clandestina desmontada pela PF em Santa Bárbara d’Oeste.

O estudo lembra que um dos decretos de Bolsonaro permitiu que CACs comprassem até 5.000 munições de uso permitido por ano, o que, segundo o pesquisador Bruno Langeani, gerou “quantidades absurdas” e favoreceu esquemas com “laranjas”.

Relatório do TCU também identificou 2.579 pessoas mortas registradas como CACs e mais de 9 mil foragidos com autorização para possuir armas.

Bolsonaro defendeu armamento da população
Quando assinou os primeiros decretos flexibilizando as regras para armas, logo ao assumir o governo, Bolsonaro afirmou que a medida devolvia à população a vontade de decidir. “Por muito tempo, coube ao Estado determinar quem tinha ou não direito de defender a si mesmo, à sua família e à sua propriedade”, declarou na ocasião.

Mais tarde, afirmou que armar a população poderia evitar golpes de Estado. “Nossa vida tem valor, mas tem algo com muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta”, disse.

Na campanha de 2022, por sua vez, reafirmou as declarações e disse que armas garantem segurança às famílias e à soberania nacional. O instrumento, declarou, é “a garantia de que a nossa democracia será preservada”.


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