Governo Lula celebra retirada de tarifas pelos EUA e reforça avanço no diálogo com Trump. Determinação vale para produtos que entraram nos Estados Unidos a partir de 13 de novembro
Sexta-feira, (21) de novembro de 2025
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| Presidente Lula durante encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático-ASEAN (Foto: Ricardo Stuckert/PR) |
“Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à alíquota adicional de imposto ad valorem imposta pelo Decreto Executivo 14323”, escreveu Donald Trump na decisão.
“Na medida em que a implementação desta ordem exigir o reembolso dos direitos aduaneiros cobrados, os reembolsos serão processados de acordo com a legislação aplicável e os procedimentos padrão da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para tais reembolsos”, acrescentou o presidente estadunidense.
Na última semana, o governo Trump já havia diminuído as tarifas de importação de cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo café, carne, açaí e manga. Para o Brasil, as taxas tinham sido reduzidas de 50% para 40%.
Com a decisão desta quinta (20), a tarifa para os produtos brasileiros como café e carne, que aparecem nas duas listas da Casa Branca, volta aos patamares anteriores ao tarifaço.
Trump ressalta negociações com governo Lula
Ao contrário da ordem executiva da semana passada, que era global, a determinação de agora se aplica somente ao Brasil. Trump citou a conversa que manteve com o presidente Lula (PT), no início de outubro, e escreveu que a retirada das tarifas é consequência das negociações entre o governo brasileiro e o estadunidense.
"Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento", destacou Trump.
"Também recebi informações e recomendações adicionais de diversos funcionários [...] em sua opinião, certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional [...] porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil", acrescentou.
Governo Lula celebra retirada de tarifas pelos EUA
O governo brasileiro comemorou nesta quinta-feira (20) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de revogar a tarifa adicional de 40% aplicada a diversos produtos agrícolas importados do Brasil. A informação foi divulgada pela Agência Gov, que detalhou a publicação da ordem executiva norte-americana e as reações do governo brasileiro.
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores destacou que a mudança é resultado direto do diálogo estabelecido entre o presidente Lula e o presidente Trump. Segundo o comunicado, o Brasil pretende manter e aprofundar as negociações bilaterais, priorizando “nossa soberania e o interesse dos trabalhadores, da agricultura e da indústria brasileira”.
Lula celebra ‘vitória do diálogo’ e ressalta papel da diplomacia
Em mensagem publicada nas redes sociais, Lula afirmou que a retirada da tarifa representa “uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”. O presidente destacou que o entendimento com Trump e o trabalho da equipe de negociação brasileira — composta pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros Fernando Haddad e Mauro Vieira — permitiram um avanço significativo.
Lula afirmou: “O diálogo franco que mantive com o presidente Trump e a atuação de nossas equipes de negociação possibilitaram avanços importantes. Esse foi um passo na direção certa, mas precisamos avançar ainda mais.”
Em seguida, reforçou a orientação estratégica do governo: “Seguiremos nesse diálogo com o presidente Trump tendo como norte nossa soberania e o interesse dos trabalhadores, da agricultura e da indústria brasileira.”
Produtos beneficiados e impactos na economia brasileira
A ordem executiva assinada por Trump determina que produtos como café, chá, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, bananas, laranjas, tomates e carne bovina deixam de ser afetados pela alíquota adicional de 40%. O anexo publicado pela Casa Branca também inclui alimentos processados, bebidas, fertilizantes, minérios, minerais, combustíveis fósseis, petróleo e derivados.
Segundo o governo norte-americano, essa decisão se baseou em recomendações técnicas de autoridades envolvidas nas negociações e no “progresso inicial” obtido nas conversas com o Brasil. O documento tem efeito retroativo a 13 de novembro, ampliando o impacto econômico imediato do acordo.
A origem da decisão: conversa entre Lula e Trump e avanço nas negociações
A própria ordem executiva cita a ligação telefônica realizada em 6 de outubro entre Lula e Trump, durante a qual ambos concordaram em iniciar tratativas para revisar o Decreto Executivo 14.323 — dispositivo que havia instituído a tarifa adicional de 40%.
Trump afirma que a medida foi tomada após essa conversa, na qual ambos acertaram “iniciar negociações para abordar as questões identificadas”. As tratativas seguem em andamento e incluem temas relacionados ao estado de emergência declarado anteriormente pelo governo norte-americano.
A retroatividade da decisão coincide com a reunião realizada em 13 de novembro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington. O encontro tratou de mecanismos para acelerar a redução das tarifas e ampliar a agenda bilateral.
Alckmin destaca proteção ao emprego e expansão das oportunidades de comércio exterior
O vice-presidente Geraldo Alckmin, também responsável pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, classificou a decisão dos EUA como resultado da postura construtiva adotada pelo Brasil.
Segundo ele, o governo brasileiro abriu “uma avenida de entendimentos” que favorecem a proteção dos empregos no país e ampliam as perspectivas de inserção internacional da indústria nacional.
Itamaraty reforça compromisso com 201 anos de relações diplomáticas e quer ampliar acordos
Na nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro afirmou receber “com satisfação” a revogação da tarifa, ressaltando que a decisão reforça a maturidade do relacionamento bilateral.
O comunicado destaca que as negociações continuam e que o Brasil seguirá atuando para eliminar as tarifas adicionais sobre todos os produtos brasileiros ainda afetados. O Itamaraty classificou o episódio como mais um capítulo da tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas entre os dois países.
Perspectivas: Brasil e EUA intensificam diálogo para ampliar agenda comercial
Com a retirada da tarifa de 40% sobre parte significativa das exportações brasileiras, o governo enxerga espaço para avançar em temas sensíveis, como barreiras tarifárias remanescentes, facilitação de comércio e expansão da pauta exportadora.
A diplomacia brasileira avalia que o momento é favorável para fortalecer a inserção do país no mercado norte-americano e reduzir entraves que historicamente limitaram o comércio bilateral.
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