DEPUTADO NIKOLAS FERREIRA DO PL TEM MUITO QUE EXPLICAR SOBRE A TORNOZELEIRA DE JAIR BOLSONARO

Se o relato do ex-presidente sobre a ordem dos fatos for verdadeiro, a proximidade temporal coloca o deputado como elemento presente às vésperas da decisão de Bolsonaro de se livrar do aparelho de monitoramento
Segunda-feira, (24) de novembro de 2025 
Há muito o que se explicar ainda na história da tentativa de violação da tornozeleira que, ao que tudo indica, fazia parte do ensaio de uma fuga. Para além do fato já documentado em vídeo, no qual Bolsonaro admite ter usado um ferro de solda para quebrar o aparelho, ainda restam suspeitas que precisam ser explicadas.

Segundo o despacho de Alexandre de Moraes, a vigília convocada por Flávio Bolsonaro na sexta-feira (21) buscava, quando menos, obstruir a fiscalização das medidas cautelares, facilitando eventualmente a fuga do ex-presidente. Mas as suspeitas sobre um possível plano de fuga, que já aparece quase evidente, não terminam aí. Ontem, com as imagens obtidas pelo Jornal Nacional, ficou claro que Nikolas Ferreira desrespeitou a proibição de usar telefone celular na presença de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.

É aqui que a situação se complica também para o deputado mineiro. O próprio Bolsonaro afirma para a diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica do STF, responsável pela perícia da tornozeleira, que iniciou a tentativa de romper o dispositivo ainda no "final da tarde" de sexta-feira (21). Diferentemente do que se imaginou no início, a decisão de destruir o aparelho não foi um impulso ocorrido na madrugada. Pelo contrário: a tentativa se prolongou até 0h07 de sábado, quando a polícia recebeu o alerta de que a tornozeleira havia sido manipulada.

Se o relato do ex-presidente sobre a ordem temporal dos fatos é verdadeiro, Nikolas tem explicações a dar à Justiça. Primeiro, por desrespeitar a decisão que proíbe o uso de celular durante a visita, o que pode configurar tentativa de coação no curso do processo, ao colocar Bolsonaro imediatamente em contato com informações externas e, eventualmente, favorecer sua fuga (artigo 348 do Código Penal). Aqui, muito embora Nikolas tenha alegado não ter recebido comunicação prévia de qualquer restrição, a fixação da regra, ainda em agosto deste ano, faz cair por terra a tentativa absurda de ser poupado, pasmem, em razão de desconhecimento da lei.

Nikolas, que esperou três meses pela autorização para visitar Bolsonaro, pôde comparecer à casa entre 9h e 18h da última sexta-feira. As recomendações sobre a visitação já estavam fixadas desde o dia 4 de agosto, quando o ministro Alexandre de Moraes proibiu o ex-presidente de usar celular. A restrição também passou a valer para qualquer pessoa autorizada a visitá-lo. Em 30 de agosto, a pedido da PGR, o Supremo chegou, inclusive, a ampliar o monitoramento de Bolsonaro com autorização de vistorias em veículos.

Segunda consideração: a própria proximidade temporal da conversa entre dos dois e, digamos, o surgimento dos primeiros pensamentos intrusivos que levaram à suposta confusão mental do ex-presidente. Nesse aspecto, o encontro com Nikolas, ocorrido perto do horário do almoço e, portanto, horas antes da primeira tentativa de violação do equipamento no "final da tarde" (na audiência de custódia, porém, Bolsonaro se contradiz, dizendo que começou "tarde da noite"), insere o deputado federal na sucessão de fatos que antecederam a destruição do aparelho. Não é pouca coisa, considerando que, de acordo com o pedido de prisão expedido por Moraes, havia indícios de uma ação coordenada com "alta possibilidade de tentativa de fuga".

Sendo assim, é preciso questionar: o início da tentativa de violação da tornozeleira aconteceu, de fato, em qual dos horários indicados por Bolsonaro? Logo após a visita de Nikolas ou "tarde da noite"? O que foi conversado entre os dois? Caso não soubesse da tentativa de rompimento, o deputado notou algo suspeito no comportamento do ex-presidente que pudesse indicar algum embaraço psicológico? Se sim, por que não comunicou às autoridades médicas?

Houve algo de podre nas dependências do Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico. Resta agora saber o quê e como.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Blog ZCB


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