O assentamento terá como vizinhos os municípios pernambucanos de Lagoa Grande, Afrânio e Dormentes, além das cidades baianas de Casa Nova e Juazeiro.
Quinta-feira, (04) de setembro de 2025
Mais do que um ato administrativo, a criação do Soberania Popular tem um caráter simbólico: é o primeiro assentamento implantado desde o retorno da Superintendência Regional do Incra no Médio São Francisco, fortalecendo a presença do instituto e ampliando sua atuação e importância estratégica na região.
A solenidade oficial ocorreu na sede da nova área de reforma agrária, localizada às margens da BR-428, na divisa entre os municípios de Petrolina e Lagoa Grande, e contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, e do presidente do Incra, César Aldrighi, além de autoridades regionais, lideranças rurais e parceiros da agricultura familiar.
César Aldrighi destacou a importância da criação do assentamento, que é o 14º criado em Pernambuco desde 2023. Para o presidente do Incra os créditos para as famílias assentadas irão assegurar a qualidade de vida e a produção de alimentos para o Brasil. “Estamos anunciando a criação do assentamento, mas queremos vir novamente quando vocês organizarem suas casas, estiverem com crédito, ganhando dinheiro e produzindo muito alimento”, disse Aldrighi.
“Essa iniciativa não apenas garante o direito à terra, mas também contribui diretamente para o fortalecimento da agricultura familiar, a produção de alimentos saudáveis e o desenvolvimento da economia regional. Estamos falando de dignidade para os assentados e de geração de oportunidades para essas famílias”, afirmou o superintendente regional do Incra no Médio São Francisco, José Cláudio da Silva.
Em 2025, a regional recebeu R$ 18,8 milhões em créditos, parte de um total de R$ 34,7 milhões pagos em Pernambuco, reafirmando o compromisso do governo federal com a reforma agrária e o desenvolvimento rural sustentável.
Parceria institucional
A criação do Soberania Popular é resultado de uma parceria entre o Incra, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por meio de um acordo que destinou ao instituto os 600 hectares do imóvel rural Barra do Bebedouro. Localizado em posição estratégica, o assentamento tem como vizinhos os municípios pernambucanos de Lagoa Grande, Afrânio e Dormentes, além das cidades baianas de Casa Nova e Juazeiro.
A conquista nasce também da mobilização social: o antigo acampamento Embrapa, símbolo da luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Semiárido, foi a base desse processo. No segundo semestre de 2024, o Incra realizou um levantamento detalhado no local, cadastrando 648 famílias. O trabalho representou um passo decisivo para o reconhecimento da situação e para a preparação das condições necessárias à criação de futuros assentamentos.
Entregas
Durante a solenidade, foram anunciadas importantes entregas para o fortalecimento da reforma agrária e agricultura familiar na região. Entre elas, a liberação de 150 contratos do Crédito Instalação, na modalidade Habitacional, com o valor de R$ 75 mil por família, totalizando R$ 12 milhões investidos.
Também foi assinado um Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o MDA e a Embrapa Semiárido, com um montante de R$ 2,4 milhões, que irá fortalecer assentamentos em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) com tecnologia, beneficiando diretamente cerca de mil agricultores e, de forma indireta, outros 4 mil. Além disso, foi publicada uma portaria de retificação de assentamento em Santa Maria da Boa Vista (PE), alterando o nome do projeto de Genipapo da Fazenda Miranda para Filhos da Luta.
Esperança e desenvolvimento
Com a implantação do Soberania Popular, 100 famílias terão acesso à terra, à água e às condições necessárias para fomentar a produção de alimentos e a economia regional com dignidade e desenvolvimento sustentável.
Para as famílias de agricultores, a criação do assentamento significa a realização de um sonho antigo. Uma das beneficiárias, Maria José da Silva, destacou a emoção de conquistar o direito à terra depois de tanto tempo de espera. “Foram muitos anos de luta e de esperança. Hoje eu tenho a chance de construir minha casa e plantar meu roçado no meu próprio pedaço de chão, eu e minha família estamos muito felizes”, comemora.
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