Primeiros dados econômicos dos EUA após o tarifaço mostram alta da inflação
Sexta-feira, (15) de agosto de 2025
Após o presidente dos EUA iniciar a aplicação de tarifas contra países ao redor do mundo que mantêm comércio com o seu país, economistas alertaram que tal medida poderia ter efeito reverso e tornar a vida dos estadunidenses mais cara.
O alerta dos economistas ao governo de Donald Trump parece estar se concretizando: os primeiros dados divulgados pelo Departamento de Trabalho mostram que, em julho, os preços ao produtor registraram a maior alta em três anos. Tanto bens quanto serviços tiveram elevação, e o documento alerta para uma possível explosão inflacionária no curto prazo.
Carne mais cara
Vídeos que circulam pelas redes mostram duas mulheres brasileiras em supermercados diferentes nos Estados Unidos e, em tom de desespero, elas exibem os preços da carne, que triplicaram no espaço de um mês.
"O preço das carnes aqui nos EUA está um absurdo. Vejam só: esta mesma bandeja com quatro pedaços de costela bovina, há um mês você comprava por US$ 9, hoje está US$ 17,47", revelou a mulher.
Tarifaço de Trump faz inflação disparar nos EUA
Como já era esperado, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos países que mantêm comércio com a terra do "Tio Sam" provocou uma disparada da inflação e encareceu o custo de vida para os cidadãos norte-americanos. E a previsão dos economistas é clara: a pressão sobre os preços deve aumentar ainda mais nos próximos meses.
Relatório divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Departamento de Trabalho mostra que, em julho, os preços ao produtor registraram a maior alta em três anos. Tanto bens quanto serviços tiveram elevação, e o documento alerta para uma possível explosão inflacionária no curto prazo.
Especialistas esperavam que os aumentos moderados nos preços dos serviços pudessem compensar o impacto das tarifas de importação sobre bens, mas não foi o que aconteceu. O Índice de Preços ao Produtor (PPI) para a demanda final subiu 0,9% em julho — o maior avanço desde junho de 2022 — após ter ficado estável no mês anterior. A expectativa de economistas consultados pela Reuters era de alta de apenas 0,2%.
O aumento de 1,1% nos custos dos serviços respondeu por mais de três quartos da alta do PPI. Foi o maior salto desde março de 2022, revertendo a queda de 0,1% registrada em junho. Mais da metade desse avanço veio de um aumento de 2,0% nas margens comerciais, incluindo o atacado de máquinas e equipamentos. As taxas de administração de portfólio subiram 5,8%, refletindo a valorização do mercado de ações. Os preços de quartos de hotéis e motéis avançaram 3,1%, enquanto tarifas aéreas e transporte rodoviário de cargas subiram 1,0% cada.
Nos bens, a alta foi de 0,7% em julho, após avanço de 0,3% em junho. Quarenta por cento desse aumento veio de um salto de 1,4% nos preços dos alimentos, impulsionado por uma expressiva alta de 38,9% no custo de vegetais frescos e secos. Agricultores relataram escassez de mão de obra, agravada pelas prisões de imigrantes indocumentados promovidas pelo governo Trump. No atacado, a carne bovina subiu 4,6%, os ovos avançaram 7,3% e o café, 1,1%.
Excluindo alimentos e energia, os preços dos bens aumentaram 0,4%, com destaque para altas no aço, alumínio e outros metais não ferrosos primários. Também foram registradas elevações expressivas em equipamentos eletrônicos domésticos e artigos esportivos.
No acumulado de 12 meses até julho, o PPI avançou 3,3%, contra 2,4% no mês anterior.
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