Auditor fiscal e empresários são presos em esquema de manipulação de créditos de ICMS, com indícios de lavagem de dinheiro e corrupção
Domingo, (17) de agosto de 2025
Encontros presenciais, mensagens de WhatsApp, reuniões no Microsoft Teams e trocas de emails. Assim, segundo o Ministério Público de São Paulo, o auditor fiscal da Sefaz-SP (Secretaria da Fazenda de São Paulo) Artur Gomes da Silva Neto manteve contato direto com empresários e executivos de grandes varejistas para negociar, orientar e viabilizar um esquema de manipulação de créditos de ICMS que teria movimentado cifras bilionárias.
Para a promotoria, Silva Neto atuaria como um coringa para as empresas, fazendo desde a preparação dos arquivos digitais até a aprovação e a liberação dos créditos ilegalmente, em valores muito superiores aos devidos e garantindo que não houvesse revisão posterior. Promotores desconfiam de que essa garantia também facilitaria a venda dos créditos para outras empresas de forma mais rápida e com menor desconto do que a média do mercado.
Na Fast Shop, ainda de acordo com a promotoria, os pagamentos eram formalizados em contratos simulados, com transferências via TED para a Smart Tax --empresa que tinha como titular a mãe de Silva Neto, Kimio Mizukami da Silva, mas que era operada pelo fiscal da Fazenda.
Já na Ultrafarma, não haveria contrato nem emissão de nota fiscal, segundo a investigação. Os acertos eram feitos por fora. No caso da empresa de Sidney Oliveira, há a hipótese de que os repasses teriam sido feitos em criptomoedas --Silva Neto, segundo os investigadores, teria mais de R$ 100 milhões em bitcoins-- ou por intermédio de empresas de terceiros.
A Fast Shop informa que está analisando o conteúdo da investigação. A empresa diz que segue colaborando com as autoridades competentes. A Ultrafarma não se manifestou, mas já informou, em outros contatos feitos pela reportagem, que colabora com a investigação e que a marca segue comprometida com "a transparência, a legalidade e o trabalho legítimo".
O advogado Arthur Fiedler, que defende Sidney Oliveira, diz que não pode comentar porque "o caso corre em segredo de Justiça".
O advogado Paulo da Cunha Bueno, que defende Silva Neto, disse que a defesa do auditor não vê argumentos fáticos ou técnicos para a manutenção da prisão temporária e que irá demonstrar a inexistência de elementos no pedido de liberdade provisória.
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Esquema gigantesco na secretaria de Kinoshita (ao fundo) pode prejudicara Tarcísio politicamente – Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP |
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