Terça-feira, (10) de junho de 2025
Uma investigação federal nos EUA revelou falhas graves no sistema de doação de órgãos após morte circulatória, com foco no Kentucky. Em um caso alarmante, um paciente mostrou sinais de consciência — como choro e movimentos — instantes antes da retirada de seus órgãos. Mesmo assim, a equipe quase prosseguiu com o procedimento.
O relatório analisou 350 casos e identificou 73 com indícios de consciência que deveriam ter suspendido as doações. Em um episódio crítico, um homem de 50 anos, vítima de overdose, recobrou a consciência durante os preparativos, mas só recebeu atendimento 40 minutos depois, quando seus órgãos já não eram mais viáveis. Ele morreu três dias depois.
A Network for Hope, responsável pelas doações no estado, foi duramente criticada. Segundo os investigadores, a entidade pressionava famílias a autorizar doações, ignorava sinais de recuperação neurológica e não considerava os efeitos de sedativos.
A investigação começou após um incidente em 2021. Anthony Hoover, 34 anos, se moveu na cama durante os preparativos para a retirada dos órgãos. Um médico recusou-se a continuar e salvou sua vida. Hoover sobreviveu, mas com sequelas neurológicas. Testemunhas disseram que a organização tentou convencer a equipe médica a prosseguir.
Acima da média nacional
No Kentucky, quase metade dos transplantes são feitos após morte circulatória — índice acima da média nacional. Esse tipo de doação quase dobrou no país entre 2021 e 2023, somando 20 mil casos em 2023.
Como resposta, autoridades federais exigiram mudanças imediatas, como avaliações neurológicas mais frequentes e treinamento obrigatório das equipes. A Network for Hope se comprometeu a seguir as recomendações. As investigações continuam.
*Com informações de The New York Times.
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