BOLSONARO DE TORNOZELEIRA: JURISTAS COMENTAM NOVO PEDIDO FEITO A PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Juristas reconhecidos nacionalmente falam da representação protocolada por deputados que pede ainda medida restritiva para impedir ex-presidente de se aproximar de embaixadas, por risco de fuga
Sábado, (08) de março de 2025
Após uma nova representação protocolada na Procuradoria-Geral da República na qual a colocação de uma tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro (PL) é solicitada, assim como medidas restritivas que o impeçam de se aproximar de embaixadas, por receio de fuga do ex-presidente, que deve se tornar formalmente réu no STF nos próximos dias, acusado de liderar a tentativa de golpe de Estado levada a cabo após sua derrota nas urnas, em 2022, a reportagem foi ouvir juristas reconhecidos nacionalmente para saber se tal exigência, de autoria dos deputados federais Rogério Correia (PT-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ), está de acordo com a lei.

Para Lenio Streck, um dos nomes mais respeitados no universo do direito no Brasil, que é também professor e procurador aposentado, um dos autores mais citados em votos de ministros de tribunais superiores do país, da forma como a solicitação foi apresentada ao Ministério Público Federal, não haveria sentido em fazê-lo neste momento, já que não há nenhum fato novo que embase uma medida cautelar do gênero. Entretanto, ele ressalta que os ataques verbais do ex-presidente ao STF podem colocá-lo preventivamente na cadeia antes mesmo de uma condenação.

“O pedido não reúne consistência jurídica que aponte para a adoção de novas medidas restritivas contra Bolsonaro, pelo menos no que se refere à tornozeleira. Não há risco concreto ou provável de fuga, o que há, na verdade, em face do que ele vem falando, são essas hostilidades contra o STF, o que, de fato, em breve poderá resultar num pedido de prisão preventiva, Agora, em relação ao pedido dos deputados, não há guarida [jurídica]”, comentou Lenio.

Opinião muito semelhante foi emitida por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, um dos mais renomados advogados criminalistas do Brasil, que já atuou em dezenas de casos de grande repercussão envolvendo figuras políticas de significativo relevo. Para ele, um fato novo é essencial para um pedido do tipo, sobretudo quando um processo já está em andamento, como no caso de Bolsonaro e de seus comparsas.

“Essas medidas cautelares, seja da tornozeleira ou da proibição de deixar Brasília, tem que ter um motivo específico que justifique. Ele já está sem passaporte, e portanto, não pode deixar o Brasil... Agora, nos últimos tempos, ele tem feito movimentos que preocupam, sim, de fato... E que levam à hipótese de que talvez realmente seja necessário impor uma medida mais drástica. A regra, depois que o processo está em andamento, é só ter uma medida cautelar se houver algum movimento novo que justifique isso. Bem, se isso vem apenas e tão somente em relação à alegação de que Bolsonaro tem dito que ‘precisa de anistia’, é pouco. Claro, há um precedente de ele [Bolsonaro] ter ficado dois dias na embaixada da Hungria, o que leva evidentemente a uma preocupação, fora que ele já pediu duas ou três vezes para que devolvessem seu passaporte para que ele pudesse fazer viagens específicas aos EUA, como no caso da posse [de Donald Trump]. Enfim, eu entendo que para se impor uma medida cautelar assim, tem que existir algo que se justifique”, explicou.

Kakay relembra que o momento exato para a decretação de uma prisão preventiva do antigo ocupante do Palácio do Planalto foi perdido quando o plano de assassinato de Lula (PT), Alckmin (PL) e do ministro Alexandre de Moraes, encabeçado pelo general Walter Braga Netto, foi descoberto. Para o jurista, pela gravidade da situação, ali Bolsonaro poderia ter sido colocado na cadeia, como foi o militar que figurou como vice de sua chapa derrotada em 2022, que segue preso até hoje.

“Por outro lado, eu penso, e sempre disse isso, que quando surgiu aquele plano de matar o ministro Alexandre de Moraes, que foi fundamental na prisão do general Braga Netto, ali sim teria sido o momento para que se pensasse e aplicasse uma medida mais drástica em relação a todos os denunciados, inclusive a Bolsonaro... Mas a denúncia veio sem esse pedido”, concluiu o criminalista.

Por Henrique Rodrigues da Revista Fórum

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