POLÍCIA FEDERAL INDICIA O DEPUTADO GUSTAVO GAYER DO PL POR PECULATO, ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA E DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO

Deputado bolsonarista dos mais moralistas no discurso "contra a corrupção" teria criado OSCIP fraudulenta para receber verbas parlamentares
Domingo, (14) de dezembro de 2025
A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). O bolsonarista, um dos parlamentares mais moralistas e com mais forte discurso “contra a corrupção” é acusado de integrar uma associação criminosa que desviava recursos da cota parlamentar por meio de uma OSCIP criada com documentos falsificados.

A conclusão é da Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), que imputou ao extremista os crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato-desvio. Além de Gayer, foram indiciados ainda o filho dele e diversos assessores lotados em seu gabinete na Câmara dos Deputados.

O objetivo do esquema, segundo a investigação, era direcionar verbas parlamentares para a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) montada de forma fraudulenta.

A apuração avançou a partir de operação deflagrada em outubro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal autorizou 19 mandados de busca e apreensão em endereços de Brasília (DF), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Valparaíso de Goiás (GO) e Cidade Ocidental (GO). Durante os cumprimentos desses mandados, foi encontrado também mais de R$ 70 mil em espécie com um funcionário de Gayer.

Até o momento, o deputado bolsonarista “anticorrupção” não se manifestou em relação às acusações e ao indiciamento por parte da Polícia Federal.

Operação da PF
Em outubro de 2024, a PF deflagrou uma operação para aprofundar as investigações e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Brasília e em cidades de Goiás. Entre os alvos estavam o apartamento funcional do deputado e endereços ligados a assessores. Em uma das residências, os agentes apreenderam cerca de R$ 70 mil em dinheiro vivo.

Outro eixo central do inquérito envolve um imóvel em Goiânia que, segundo a PF, teria sido utilizado como escritório político e, ao mesmo tempo, como escola de inglês e espaço comercial. Para os investigadores, há indícios de que despesas privadas tenham sido custeadas com recursos públicos da cota parlamentar.

Gayer contesta essa versão. Ele afirma que abriu uma escola de inglês no local em 2013, mas que encerrou as atividades presenciais em 2020, durante a pandemia, quando as aulas passaram a ser on-line. Segundo o deputado, ele retornou ao imóvel apenas no início de 2022, antes de assumir o mandato, para instalar um escritório político e um espaço conhecido como "Bolso Point", onde gravava podcasts e vendia produtos ligados à campanha do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o parlamentar, o indiciamento se apoia no fato de ele não ter atualizado o contrato social do imóvel ao voltar ao local. "Eu esqueci de mudar o contrato social. Estão usando isso para dizer que eu pagava aluguel de escola de inglês com cota parlamentar", afirmou.

Sobre a Oscip investigada, Gayer disse que foi procurado por um assessor com a proposta de ajudar na criação de organizações da sociedade civil alinhadas a pautas conservadoras. Ele afirmou que fez apenas um pagamento para cobrir custos contábeis e negou que a entidade tenha recebido emendas parlamentares ou estivesse apta a recebê-las.

Em decisão do ano passado, o STF afirmou que Gayer é apontado nas investigações como peça central da associação criminosa, responsável por direcionar verbas parlamentares para atividades privadas com ligação com atos antidemocráticos. À época, o deputado classificou a operação da PF como "surreal".

O indiciamento não representa condenação. Trata-se de uma etapa da investigação em que a Polícia Federal formaliza a existência de indícios de autoria e materialidade. Caberá agora à Procuradoria-Geral da República, sob comando de Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia ao STF, se pede novas diligências ou se solicita o arquivamento do caso.

Mesmo indiciado, Gayer aparece como um dos nomes cotados para a disputa ao Senado por Goiás nas eleições do próximo ano, figurando atrás apenas de Gracinha Caiado (União Brasil), primeira-dama do estado, em pesquisas recentes. Em outubro, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara suspendeu uma ação penal no STF contra o deputado por injúria, calúnia e difamação. O processo foi movido pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que alega ter sido atacado em sua honra pelo conterrâneo.


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