ALEXANDRE DE MORAES DECRETA PRISÃO DE FILIPE MARTINS, EX-ASSESSOR DE BOLSONARO, E MAIS 9 CONDENADOS NA TRAMA GOLPISTA

Quem é Filipe Martins, o assessor muito especial de Jair Bolsonaro. 
Sábado, (27) de dezembro de 2025
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-assessor Filipe Martins. Foto: Reprodução
O advogado Jeffrey Chiquini, que faz a defesa de Filipe Martins, disse que o ex-assessor de assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL) está sendo preso neste sábado (27) pela Polícia Federal (PF), um dia após o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, ser preso em rota de fuga no aeroporto de Assunção, no Paraguai.

“A Polícia Federal está na casa do Filipe Martins neste momento. Em mais um ato que atenta contra o Código de Processo Penal e contra a Constituição Federal, Moraes decretou sua prisão cautelar em razão da tentativa de fuga do ex-diretor da PRF Silvinei Vasques”, disse Chiquini nas rede X.  

Em nota, a PF afirma que umpre, na manhã deste sábado (27/12), dez mandados de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, determinados pelo Supremo Tribunal Federal

As ordens judiciais estão sendo cumpridas nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Bahia, Tocantins e no Distrito Federal, com apoio do Exército Brasileiro em parte das diligências.

“Além da prisão domiciliar, foram impostas medidas cautelares como a proibição de uso de redes sociais, de contato com outros investigados, a entrega de passaportes, a suspensão de documentos de porte de arma de fogo e a proibição de visitas”, diz o texto.

Núcleo 2 da organização criminosa
Preso neste sábado, Filipe Martins foi condenado pela primeira turma do STF no chamado Núcleo 2 da trama golpista liderada por Jair Bolsonaro. A sentença foi lida no dia 16 de dezembro.

O grupo atuou de forma coordenada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, combinando sabotagem eleitoral, monitoramento ilegal e planos de assassinato contra autoridades.

Foram condenados, além de Martins, o ex-diretor da PRF Silvinei Costa; Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva do Exército e ex-assessor de Bolsonaro; Mário Fernandes, general da reserva; e Marília Alencar, delegada da Polícia Federal (PF) e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça. Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-diretor de Operações do ministério, foi absolvido por falta de provas.

Filipe Martins, Câmara, Fernandes e Vasques foram condenados por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Marília Alencar recebeu condenação pelos crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

As provas analisadas pelo STF demonstraram que o Núcleo 2 exerceu papel estratégico na execução da trama golpista. Coube ao grupo a elaboração da chamada “minuta do golpe”, documento que previa medidas de exceção para manter o então presidente no poder, além do monitoramento ilegal de autoridades e da interferência direta no processo eleitoral de 2022.

Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Filipe Martins foi um dos responsáveis pela redação do texto golpista. Mário Fernandes, por sua vez, foi acusado de arquitetar um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O plano foi localizado em um arquivo de Word intitulado Punhal Verde e Amarelo.

Marcelo Câmara realizou o monitoramento ilegal da rotina de Moraes. Mensagens encontradas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo, mostram que Câmara informou a Cid que o ministro estava em São Paulo, referindo-se a ele pelo codinome “professora”. Silvinei Vasques comandou a atuação da PRF para dificultar o deslocamento de eleitores do Nordeste no segundo turno das eleições, enquanto Marília Alencar produziu levantamentos de dados que embasaram as blitze policiais.

Quem é Filipe Martins, o assessor muito especial de Jair Bolsonaro
Com livre trânsito junto a Donald Trump e à nata da extrema-direita dos EUA, suspeito entrou na mira da PF e da CPMI do Golpe
Um bolsonarista ligado à cúpula da extrema-direita norte-americana, seguidor ferrenho de Olavo de Carvalho e próximo de Donald Trump, está no centro das investigações sobre os ataques golpistas que culminaram no 8 de janeiro. Ex-assessor especial para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro, Filipe Garcia Martins foi citado em depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

O militar do Exército que foi ajudante de ordens de Bolsonaro relatou à PF que o ex-presidente recebeu em mãos de Filipe Martins uma minuta de decreto golpista de convocação de novas eleições, logo após o pleito de outubro do ano passado, vencido pelo presidente Lula. O conteúdo do depoimento foi antecipado pelo colunista Aguirre Talento, do UOL.

Segundo o colunista, Cid contou à PF que Filipe Martins levou para o encontro com Bolsonaro, no fim do ano passado, um advogado constitucionalista e um padre. O tenente-coronel, entretanto, disse não se lembrar dos nomes desses dois personagens.

A PF vai cruzar as informações de Cid com uma série de arquivos encontrados no celular do militar. Eles incluem uma minuta golpista e um roteiro para o golpe de Estado, além de um parecer emitido pelo jurista e advogado Ives Gandra Martins para embasar juridicamente a empreitada criminosa. A análise pode confirmar se foi Gandra quem participou da reunião com Bolsonaro e Filipe Martins.

A notícia do UOL acrescenta que a minuta entregue ao ex-presidente incluía a determinação da prisão de adversários. Outra informação é que, segundo o relato de Cid à PF, Bolsonaro, após receber o documento, consultou militares de alta patente sobre viabilidade de um golpe de Estado.

A PF investiga se a minuta é a mesma que foi encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e que, da mesma forma, também autorizava prisão de adversários.

Ainda conforme o colunista, Mauro Cid afirmou na delação que, durante a reunião de Bolsonaro com os militares, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foi favorável ao plano golpista. No entanto, não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.

Aos investigadores, Cid, conforme a notícia, disse ter testemunhado tanto a reunião de Filipe Martins com Bolsonaro quanto a do ex-presidente com militares.

As conexões do ex-assessor
Para se ter noção do peso das novas revelações de Mauro Cid é importante conhecer detalhes da ascensão meteórica de Filipe Martins nos subterrâneos da extrema-direita, dentro e fora do país.

Nascido em Sorocaba e criado em Votorantim, no estado de São Paulo, ele é bacharel em Relações Internacionais. Foi nomeado, em 3 de janeiro de 2019, com apenas 31 anos de idade, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, após ter atuado com o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, outro devoto de Olavo de Carvalho, no governo de transição.

Veja as conexões de Filipe Martins na galeria abaixo:
Por: Plinio Teodoro da Revista Fórum


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