COLÉGIO CÍVICO-MILITAR: ESTUDANTES SÃO OBRIGADOS A ENTOAR CANTO QUE FAZ APOLOGIA À VIOLÊNCIA

Imagens mostram estudantes marchando sob orientação de um policial militar; música fala em "entrar na favela e deixar corpo no chão"
Domingo, (30) de novembro de 2025
Alunos de um colégio cívico-militar de Curitiba (PR) estão sendo ensinados a entoar versos de um canto do BOPE que faz apologia à violência e execuções nas favelas, de acordo com um vídeo divulgado pelo Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato).

Nas gravações, é possível ver estudantes marchando sob a orientação de um policial militar, enquanto citam versos que falam em “entrar na favela e deixar corpo no chão” e "matar e esfolar".

A letra em questão é a seguinte:
  • “Homem de preto, o que é que você faz?
  • Eu faço coisas que assusta o satanás.
  • Homem de preto, qual é sua missão?
  • Entrar na favela e deixar corpo no chão.
  • O Bope tem guerreiros que matam fogueteiros.
  • Com a faca entre os dentes, esfola eles inteiros.
  • Mata, esfola, usando sempre o seu fuzil”.
Para a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, “absurdos como esse do vídeo não são casos isolados". Ela afirma que desde o início do programa para criar escolas cívico-militares do Paraná, o sindicato tem recebido e denunciado ocorrências semelhantes e até piores em escolas que adotaram o modelo.

"É chocante ver que a escola pública esteja sendo usada para promover uma doutrinação ideológica extremista, que prega o ódio, a violência, o massacre e o extermínio de comunidades periféricas. Isso é muito grave e reforça a nossa luta contra a militarização da educação e a urgência do Poder Judiciário determinar o fim desse programa ilegal e inconstitucional”, declarou a presidenta.

O deputado estadual Renato Freitas (PT), do Paraná, que sofre uma série de perseguições racistas durante seu mandato, se manifestou sobre o vídeo, afirmando que "a narrativa começou com a caça aos 'professores doutrinadores' e a farsa da 'Escola sem Partido'. Depois, revelou-se o verdadeiro projeto: esvaziar a educação de seu senso crítico, removendo filosofia, sociologia e artes, para preenchê-la com a disciplina cega e a hierarquia inquestionável do militarismo".

Ele ainda acrescentou que "não foi à toa que esse laboratório do conservadorismo teve início no Paraná, transformando escolas em quartéis e alunos em soldados".

"Agora, esse modelo se espraia para São Paulo e outros estados, como um projeto de poder que avança sobre o futuro da nossa juventude. Nós, que sobrevivemos a esse território hostil, seguimos na trincheira da educação libertadora", finalizou o parlamentar.

Militarização de escolas no Paraná
O processo de transformar colégios estaduais em cívico-militares teve início em 2020 no Paraná e foi marcado por autoritarismo contra professores e estudantes que se colocavam contra o modelo. Hoje, são 312 colégios militarizados e a previsão da Secretaria de Educação é que o número chegue a 345 em 2026, mesmo após o encerramento do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) em 2023 pelo governo Lula (PT).

O APP-Sindicato também denuncia que a remuneração dos militares que atuam nas escolas é maior do que a de professores qualificados. Apesar de não terem conhecimento sobre o processo pedagógico, educação e interação com os alunos, os militares recebem cerca de R$ 5,5 mil, enquanto professores têm o piso atual fixado em R$ 4,9 mil, para jornada de 40 horas semanais, e outros funcionários das escolas têm piso de 4 mil.

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