PRESIDENTE LULA CRIA COMITÊ E PROMETE REAGIR AO TARIFAÇO COM UNIÃO NACIONAL

Presidente se reunirá com empresários e ministros para definir reação ao tarifaço dos EUA. Governo trata sobretaxa como agressão à soberania e prepara decreto de resposta
Segunda-feira, (14) de julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu neste domingo (13) a criação de dois comitês — um com empresários e outro interministerial — para coordenar a resposta do governo brasileiro ao tarifaço de 50% imposto por Donald Trump na última quarta-feira (10).

As medidas foram articuladas durante uma reunião no Palácio da Alvorada, com a participação de ministros da área econômica, política e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Lula também avisou à equipe que se reunirá pessoalmente com representantes dos setores mais afetados pela medida, entre eles a indústria, o agronegócio e os exportadores de suco de laranja.

A iniciativa reforça o esforço do Planalto em tratar a tarifa como uma agressão à soberania nacional, com impacto direto sobre empregos e cadeias produtivas.

“O presidente quer deixar claro que essa é uma questão de país, não de governo”, disse um assessor ouvido pela imprensa.

O Planalto também avalia que a retaliação de Trump, associada à defesa de Jair Bolsonaro, representa uma tentativa de ingerência externa em assuntos internos do Brasil, especialmente no funcionamento do Poder Judiciário.

O comitê empresarial terá função consultiva e política. A presença de empresários na construção da resposta à Casa Branca reforça a estratégia de Lula de tratar o tarifaço como uma agressão à soberania brasileira — e não como problema de um único governo ou campo ideológico.

Já o comitê interministerial será responsável por coordenar os desdobramentos diplomáticos, comerciais e legais.

Segundo apuração da Folha de S.Paulo, farão parte da equipe os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços). Outros ministérios, como o da Agricultura, serão chamados a colaborar conforme os temas avancem.

O governo também aposta no envolvimento do setor empresarial como forma de ampliar apoio à defesa da soberania e, ao mesmo tempo, recompor pontes com segmentos que vinham demonstrando insatisfação com o Planalto.

Em entrevista recente ao Jornal Nacional, Lula disse que vai trabalhar junto com os empresários para suspender a medida de Trump e buscar novos parceiros comerciais.

Segundo avaliação do Planalto, a ofensiva de Trump fere diretamente a soberania brasileira ao tentar interferir nas decisões do Judiciário. Por isso, a resposta envolverá não apenas medidas técnicas, mas também um discurso político de afirmação da autonomia nacional.

Decreto de reciprocidade será publicado até terça-feira
Em agenda pública realizada neste domingo, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou que o governo editará, até terça-feira (15), o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade (Lei nº 14.933/2023).

A norma autoriza o Executivo a aplicar sanções comerciais equivalentes contra países que agridam o Brasil com medidas desproporcionais.

A publicação do decreto representará um avanço institucional na capacidade de resposta do Estado brasileiro, embora o governo ainda priorize a via diplomática. Lula afirmou que pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar o tarifaço.

Já o ministro Fernando Haddad sinalizou que eventuais retaliações podem incluir instrumentos não tarifários, como a quebra de patentes de medicamentos ou de direitos autorais de produtos culturais norte-americanos — o que evitaria impacto direto na inflação.

Setores afetados pressionam e exportações estão em risco
A tarifa anunciada por Trump ameaça diretamente importantes segmentos da economia nacional.

No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou cerca de US$ 20 bilhões para os Estados Unidos — o equivalente a 12% de todas as exportações brasileiras no período, com crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior.

Entre os principais produtos afetados estão petróleo, café, aviões, máquinas, equipamentos, siderurgia, suco de laranja e manufaturados.

Empresas norte-americanas também já demonstraram preocupação com a medida, especialmente as siderúrgicas e indústrias alimentícias que dependem de insumos brasileiros.

No front externo, o governo brasileiro aposta que a própria pressão de setores produtivos nos Estados Unidos possa contribuir para reverter a decisão de Trump.


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