Trump quer acabar com o Pix no Brasil? Medida é fruto de ameaça de Trump, feita logo após aplicar sobretaxas ao governo brasileiro
Quarta-feira, (16) de julho de 2025
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Jair Bolsonaro e Donald Trump — Foto: Alan Santos/PR |
A medida, oficializada nesta terça-feira (15) pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), ocorre dias após o anúncio de um tarifaço de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA, também imposto por Trump.
Ambas as ações têm como pano de fundo não apenas disputas comerciais, mas uma motivação política explícita: pressionar o governo e o Judiciário brasileiros para impedir a prisão de Jair Bolsonaro, prestes a ser julgado pela tentativa de golpe de Estado entre o final de 2022 e início de 2023.
Eduardo Bolsonaro e a nova ofensiva contra o Pix
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e atualmente licenciado do mandato para viver nos EUA, comemorou publicamente o tarifaço e chegou a dizer que teve papel direto na articulação das sanções com a Casa Branca.
Agora, especula-se que tenha atuado também para incluir o Pix na lista de "práticas desleais" do Brasil, como forma de causar pânico entre a população e desgastar o governo Lula. A manobra repete uma tática já conhecida da extrema direita: há poucos meses, bolsonaristas espalharam fake news de que Lula iria taxar o Pix – uma mentira que viralizou nas redes e forçou o governo a desmentir.
A diferença é que agora a narrativa migrou para um documento oficial do governo dos Estados Unidos.
O relatório do USTR afirma:
“Além disso, o Brasil também parece adotar uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a concessão de vantagens aos seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo.”
O texto não apresenta qualquer prova de dano concreto a empresas americanas, mas insinua que o sucesso da plataforma brasileira representa uma ameaça aos interesses de gigantes como Mastercard e Visa, empresas que dominam o mercado global de pagamentos.
Chantagem geopolítica disfarçada de disputa comercial
Sob o pretexto de proteger empresas norte-americanas, o governo Trump usa um instrumento legal, a Seção 301 da Lei de Comércio, para atacar políticas internas do Brasil e favorecer aliados políticos. A menção ao Pix, um serviço gratuito e amplamente utilizado pela população, busca gerar medo e desgaste ao governo Lula em um momento de forte pressão contra Bolsonaro.
Além do Pix, o relatório critica decisões do STF, o comércio na Rua 25 de Março e acordos comerciais com países como México e Índia. Nenhuma das alegações vem acompanhada de provas robustas ou análise técnica consistente.
O governo brasileiro já anunciou que vai recorrer à Lei da Reciprocidade e acionar a OMC contra a ofensiva dos EUA, que é vista como uma tentativa de coerção econômica.
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