NOVA HIDROVIA DO RIO SÃO FRANCISCO VAI CUSTAR R$ 1 BILHÃO E RETOMARÁ LIGAÇÃO ENTRE JUAZEIRO E PIRAPORA

Estimativa é de que volume seja alcançado já no primeiro ano de funcionamento; projeto vai garantir o transporte de cargas do Nordeste ao Centro-Sul do País
Domingo, (15) de junho de 2025
Em 2014, a Icofort, empresa especializada no transporte de caroço de algodão, foi a última operar na hidrovia do Rio São Francisco. Foto: Icofort/Arquivo
Governo Federal anunciou nesta sexta-feira (13) a Nova Hidrovia do Rio São Francisco. Com 1.371 quilômetros de extensão navegáveis – de Pirapora, Minas Gerais (MG), a Juazeiro, Bahia (BA), e Petrolina, Pernambuco (PE) –, a hidrovia vai permitir o transporte de cargas do Centro-Sul ao Nordeste do país, de forma mais econômica e sustentável.

A projeção é de que, já no primeiro ano da retomada da navegação comercial, a movimentação de cargas pelo Rio São Francisco alcance 5 milhões de toneladas. O projeto também prevê integração com outros modais, como ferrovias e rodovias.

“Essa é uma pauta muito importante para o desenvolvimento do Nordeste, será muito estratégico para o desenvolvimento de toda a região. Em junho vamos assinar a delegação à Companhia das Docas do Estado da Bahia e iniciaremos os estudos técnicos ao lado da Infra SA", detalhou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, durante a cerimônia, em Petrolina, ao informar sobre a descentralização da hidrovia para a Codeba.

“A Nova Hidrovia do São Francisco representa mais um avanço para a logística nacional, integrando regiões e promovendo um transporte mais limpo, eficiente e competitivo”, destacou o secretário Nacional de Hidrovias e Navegação do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), Dino Antunes. Entre as cargas previstas, estão insumos agrícolas, gesso, gipsita, calcário, grãos, bebidas, minério e sal.

Desenvolvimento regional
A Nova Hidrovia do São Francisco é um dos projetos logísticos mais importantes para o escoamento de cargas e o desenvolvimento regional do país. O Velho Chico nasce na Serra da Canastra, no Cerrado mineiro, e sobe em direção à Região Nordeste. Nesse percurso ascendente, passa pelo Distrito Federal, Goiás, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. São 505 municípios e mais 11,4 milhões de pessoas que, de alguma forma, se relacionam com um dos principais rios brasileiros.

Para garantir a execução de um projeto dessa magnitude, a iniciativa foi dividida em três etapas. Na primeira, as intervenções se concentrarão em um trecho de 604 quilômetros navegáveis, de Juazeiro e Petrolina, passando por Sobradinho (BA) e chegando em Ibotirama (BA). As cargas serão escoadas por rodovias até o Porto de Aratu-Candeias, na Baía de Todos os Santos (BA).

A segunda etapa abrangerá o trecho entre Ibotirama e Bom Jesus da Lapa e Cariacá – municípios baianos – com 172 quilômetros navegáveis. Nesse trecho, haverá conexão, via malha ferroviária, até os Portos de Ilhéus (BA) e Aratu-Candeias. Já a terceira etapa aumentará a hidrovia em 670 quilômetros e ligará Bom Jesus da Lapa e Cariacá a Pirapora.

Integração e Logística
Silvio Costa Filho destacou que o governo incentivará a iniciativa privada a adquirir embarcações, ressaltando que “a cada 25 embarcações são 500 caminhões a menos que saem das nossas estradas, reduzindo custos logísticos e operacionais”. O projeto também prevê integração com ferrovias estratégicas, como a FIOL e a Ferrovia Centro-Atlântica, facilitando o acesso aos portos de Aratu, na Bahia, e outras regiões.

Para garantir a navegabilidade do Rio São Francisco, será necessária a dragagem de alguns pontos do rio, conforme explicou o ministro. A expectativa é que a navegação comercial seja retomada a partir de 2026, com a gestão da hidrovia sendo feita pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). Inicialmente, espera-se transportar 5 milhões de toneladas por ano.

Retomada
No século passado, a navegação no Rio São Francisco foi importante para ligar o Nordeste ao restante do país, mas foi praticamente desativada com a construção de rodovias e devido ao assoreamento do leito. Grandes embarcações, como o Vapor Benjamim Guimarães, último barco a vapor em operação no Brasil, transportavam cargas e pessoas passando por dezenas de cidades da Bahia e de Minas Gerais.

Nas últimas semanas, o Vapor Benjamim Guimarães voltou a flutuar no Velho Chico após um longo tempo esperando os impasses relativos à restauração. Graças a um convênio da Eletrobras com a Prefeitura de Pirapora, os trabalhos puderam ser executados. No entanto, o vapor ainda não navegou devido ao baixo nível do rio na cidade.


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