Relatório final da investigação aponta Bolsonaro como líder da organização criminosa que montou um esquema de arapongagem dentro do ex-governo para monitorar adversários políticos e desafetos do ex-presidente.
Terça-feira, (17) de junho de 2025
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Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução |
As investigações começaram em 2019, com a descoberta do uso do software “First Mile” para monitorar ilegalmente cidadãos durante o governo Bolsonaro. A apuração revelou a existência da chamada “Abin paralela”, uma estrutura clandestina que produzia dossiês, vigiava autoridades e promovia desinformação sobre o sistema eleitoral.
Segundo a PF, a estrutura ilegal foi criada sob o comando de Ramagem, então diretor da Abin, a mando de Bolsonaro. A ferramenta espionava celulares por meio de dados de antenas, permitindo identificar a localização de alvos em tempo real, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara, Arthur Lira, o ex-deputado Rodrigo Maia, o ex-governador João Doria e jornalistas.
Além do indiciamento neste caso, Bolsonaro e Ramagem também são réus em outra ação que investiga a tentativa de golpe de Estado, atualmente sob análise do STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia mencionado a existência de uma “estrutura paralela” na Abin como parte de um plano para deslegitimar o sistema eleitoral.
A PF identificou conexões entre os dois casos e incluiu no relatório final um capítulo específico detalhando como a “Abin paralela” foi usada para apoiar o plano golpista. O núcleo liderado por Ramagem teria sido instrumentalizado para garantir a permanência de Bolsonaro no poder.
Ainda de acordo com os investigadores, documentos obtidos em e-mails de Ramagem indicam que ele orientava o então presidente a desacreditar as urnas e a adotar uma postura agressiva contra “o sistema”, reforçando o uso político da Abin para fins autoritários.
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