MAIS ACESSO A ESPECIALISTAS: GOVERNO LULA PREVÊ CIRURGIAS EM HOSPITAIS PRIVADOS PARA ACELERAR FILA DO SUS

Nova gestão do Ministério da Saúde aposta em mutirões e parceria com hospitais privados para acelerar atendimentos
Segunda-feira, (14) de abril de 2025
Um ano após ser anunciado com pompa no Palácio do Planalto, o programa Mais Acesso a Especialistas, idealizado para reduzir as filas do Sistema Único de Saúde (SUS), passa por uma ampla reestruturação sob a condução do ministro Alexandre Padilha (PT). De acordo com reportagem do jornal O Globo, a reformulação busca resgatar o protagonismo de uma das promessas centrais da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Com a missão de transformar o programa em uma das marcas do terceiro mandato de Lula, o Ministério da Saúde trabalha em uma guinada estratégica. A proposta em debate inclui o uso da rede privada de saúde para realizar exames e cirurgias, além de parcerias com operadoras de planos de saúde, contratação de novas equipes médicas e ampliação dos mutirões pelo país. O plano também prevê uma reformulação da identidade do programa, com um novo nome mais direto e de fácil memorização — “Mais Acesso a Especialistas” e sua sigla, “PMAE”, foram considerados confusos e pouco comunicativos.

Parcerias com setor privado e “troca por dívida” 
Entre as propostas analisadas pela equipe de Padilha está a possibilidade de converter dívidas de operadoras de saúde com órgãos como a Receita Federal e o INSS em serviços prestados à população. Na prática, isso permitiria que pacientes do SUS fossem encaminhados a hospitais privados para procedimentos em áreas com maior demanda, como oncologia, cardiologia, ortopedia, otorrinolaringologia e oftalmologia.

Outra medida já em andamento envolve pedidos aos governos estaduais para atualizarem as filas dessas especialidades, de forma a organizar mutirões ainda no primeiro semestre de 2025. Internamente, há quem defenda que esses mutirões ocorram fora das unidades públicas, como forma de destacar o caráter excepcional da ação e valorizar sua vinculação direta com o governo federal.

A estratégia, em análise na Casa Civil, visa garantir que os créditos políticos do eventual sucesso da iniciativa sejam atribuídos à União. Isso porque, no modelo anterior, os recursos eram repassados diretamente a estados e municípios, que acabavam colhendo os louros diante da população.

Balanço da gestão anterior e entraves técnicos 
A primeira fase do programa, sob a ex-ministra Nísia Trindade, focava em repasses diferenciados a estados e municípios que realizassem mais procedimentos. Os dados indicam um avanço: as cirurgias eletivas cresceram 40% em 2024 na comparação com o ano anterior. No entanto, o governo federal considerou que os resultados não repercutiram como novidade política, tampouco mudaram a percepção popular sobre a eficiência do SUS.

Além disso, interlocutores do Planalto apontam que Nísia demonstrava resistência em incluir a iniciativa privada no programa, por considerar prioritário o fortalecimento do SUS. Também faltou, segundo aliados de Lula, sensibilidade quanto à urgência que o presidente atribuía ao tema. Nos bastidores, o programa passou a ser chamado de “elefante na sala”, pela dificuldade em trazer resultados tangíveis.

Outro obstáculo relatado por gestores locais é a burocracia. A proposta inicial exige que estados e municípios apresentem “pacotes” de atendimento completos — incluindo consulta, exame e cirurgia — o que, apesar de racionalizar o processo, exige uma revisão no sistema de pagamento do SUS. Antes, os serviços eram pagos separadamente; agora, a ideia é que uma única cobrança seja enviada ao Ministério da Saúde.

Pressão por resultados e mudança de nome 
Diante da baixa popularidade do governo e da percepção de paralisia do programa, o Planalto quer apressar os resultados e aposta em uma reformulação também na comunicação. A tarefa foi entregue ao ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, responsável por desenvolver uma nova marca para a iniciativa. Termos como “mutirão” e “fila” devem estar presentes, com o objetivo de tornar o programa mais palatável e próximo da realidade do cidadão.

O relançamento está previsto para o início de maio, com ênfase nas mudanças estruturais e na ampliação do acesso.


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