BANCO CENTRAL IRRESPONSÁVEL ACELERA ALTA DE JUROS, E TAXA SELIC VAI A 12,25% NA ÚLTIMA REUNIÃO DA GESTÃO DO BOLSONARISTA CAMPOS NETO

Aumento da Selic preocupa pequenos negócios, afirma Sebrae
Quarta-feira, (11) de dezembro de 2024
Bolsonaro, o bolsonarista Neto e suas relações nada republicanas: a interferência do presidente nas decisões do Copom é vedada pela autonomia do BC
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quinta-feira (11) elevar a taxa básica de juros da economia nacional em 1 ponto, passando de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano. A alta foi a terceira consecutiva. Recolocou a chamada taxa Selic em patamar semelhante ao registrado ao final de 2023, quando ela esteve entre 12,25% ao ano.

A alta já era esperada por economistas, mas abaixo da que foi anunciada. A previsão de alta de 0,75 ponto –a maior desde maio de 2022– foi, inclusive, registrada no Boletim Focus do BC, que compila expectativas de bancos para a economia nacional. A elevação marca ainda o final do mandato de Roberto Campos Neto à frente do Copom e do BC. Quando ele assumiu a chefia do órgão, em 2019, a Selic estava em 6,5% ao ano. Chegou a baixar a 2% ao ano em 2020 – a mais baixa já registrada na história. Porém, voltou a subir durante a pandemia e, depois, durante este ano.

Campos Neto foi nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Tornou-se o segundo presidente do BC mais longevo da história, já que a autonomia do órgão lhe garantiu mandato mesmo após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A alta da Selic está ligada ao aumento da inflação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses chegou a 4,87% em novembro. Está, portanto, acima da meta para 2024, de até 4,5%.

O que é Selic?
A taxa Selic é referência para a economia nacional. É também o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país. Quando ela sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento econômico tende a ser prejudicado.

Já quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda. Lula, aliás, vem criticando Campos Neto desde que voltou à presidência. Lula escolheu o ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para assumir o posto de Campos Neto a partir de 2025, esperando manter melhor relação com o BC.

Gasto com dívida
A Selic também é a taxa de referência para a correção da dívida pública nacional. Quando ela sobe, o governo gasta mais para renovar os empréstimos que ele toma no mercado. Em outubro, o setor público gastou R$ 111,6 bilhões só com os serviços financeiros da dívida. Isso é 80% mais do que os R$ 61,9 bilhões gastos em outubro de 2023. Em 12 meses, o gasto com a dívida chegou R$ 869,3 bilhões. Nos 12 meses anteriores, ele havia sido R$ 720,1 bilhões.

Com o aumento da Selic, o gasto do Brasil com o pagamento de suas dívidas deve crescer cerca de R$ 40 bilhões durante um ano. Um estudo divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) neste ano aponta que o Brasil gasta com juros quase o dobro do que Educação e Saúde juntos. Os países mais ricos gastam com juros só 40% do que investem em saúde e educação. Segundo o estudo, 3,3 bilhões de pessoas no mundo vivem em países que gastam mais com os juros do que com serviços públicos de saúde e educação. Isso corresponde a cerca de 40% da população mundial.

Aumento da Selic preocupa pequenos negócios, afirma Sebrae
Sebrae acompanha atentamente o movimento do mercado e pede apoio para o crescimento do empreendedorismo no país
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros (Selic) de 11,25% para 12,25% ao ano. A decisão, confirmada nesta quarta-feira (11), vai na contramão de outros indicadores positivos da economia brasileira, como a alta na geração de empregos no Brasil, o aumento da expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para este ano e o mais recente resultado do Indice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que recuou para 0,83% na primeira prévia de dezembro, após alta de 0,99% no mês de novembro.

Esse já é o terceiro aumento consecutivo da Selic. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano. As alterações na taxa básica de juros impactam diretamente os custos de empréstimos e financiamentos. “Isso influencia as decisões de consumo da população, além de impactar os investimentos das empresas, principalmente dos pequenos negócios”, argumenta o presidente do Sebrae, Décio Lima. “Uma economia não é feita só de números, mas de comportamento. É preciso prestar muita atenção aos sinais do mercado, no aquecimento das vendas e na queda do preço de produtos e serviços para fazer uma decisão justa para a população brasileira”, avaliou o dirigente.

Peso no bolso
De acordo com levantamento do Sebrae, com base em dados do Banco Central, a taxa de juros em empréstimo para um microempreendedor individual (MEI) fica, na média nacional, mais que quatro vezes maior que a Selic. No caso dos MEI da região Nordeste, esse valor chega até 51% ao ano. O Sebrae tem atuado junto ao governo federal, no Programa Acredita, para ampliar o acesso das micro e pequenas empresas a crédito. Por meio do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), cerca de 30 instituições bancárias estão aptas a ofertar os recursos. Nos próximos três anos, estão previstas o aval de R$ 30 bilhões em operações de crédito.

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