Em 2023, o câncer de próstata causou 17 mil mortes no Brasil, cerca de 47 pessoas por dia.
Segunda-feira, (04) de novembro de 2024
A campanha Novembro Azul é uma iniciativa em prol da saúde masculina, que visa conscientizar a importância da prevenção e do diagnóstico do câncer de próstata, um dos tipos mais comuns entre os homens.
O câncer de próstata é um tumor maligno que se desenvolve na glândula prostática, localizada abaixo da bexiga e à frente do reto. Geralmente, ele cresce de forma lenta e no início não causa sintomas, o que dificulta o diagnóstico sem exames de prevenção adequados. Já quando a doença está mais avançada, os sintomas englobam dificuldade para urinar, ter a sensação de bexiga sempre cheia e até sangue na urina.
Em 2023, o câncer de próstata causou 17 mil mortes no Brasil, cerca de 47 pessoas por dia. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta para o crescimento global dos casos, num número que pode atingir 2,9 milhões em 2040, conforme estimou a revista científica Lancet. Neste ano de 2024, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) prevê 72 mil novos casos no Brasil.
“A doença, em seu estágio inicial, raramente apresenta sintomas, o que reforça a importância dos exames de rotina, como o PSA e o toque retal. Quando aparecem sintomas como dificuldade para urinar, necessidade de urinar mais vezes à noite, e a presença de sangue na urina, deve ser investigado o quanto antes”, ressalta o urologista Ivan Selegatto.
O urologista lembra que é necessário conhecer os fatores de risco para essa doença: “Homens acima dos 50 anos, com histórico familiar de câncer de próstata, além de afrodescendentes, têm um risco aumentado para desenvolver a doença. Nesses grupos, a orientação é que os exames de rastreamento comecem mais cedo, a partir dos 45 anos”. O médico afirma que a obesidade e o sedentarismo também podem contribuir para o desenvolvimento do câncer.
Novembro azul: o diagnóstico precoce de câncer de próstata
O diagnóstico precoce é um dos principais aliados na luta contra o câncer, podendo elevar as chances de cura em até 90%, além de diminuir a letalidade da doença. Diante disso, é relevante a realização periódica de exames e consultas com o urologista, destaca a SBU.
“A prevenção é a melhor forma de combater o câncer de próstata. Com os exames em dia, conseguimos identificar a doença antes que ela avance, aumentando significativamente as chances de cura. É um ato de cuidado consigo mesmo e com a própria vida”, conclui Selegatto.
Um exemplo da dimensão do diagnóstico precoce é a história de Sebastião Donizetti Olímpio, de 62 anos, que descobriu um câncer de próstata em estágio inicial, após exames de rotina que identificaram um nível elevado de PSA (Antígeno Prostático Específico). Com este resultado, o paciente realizou uma biópsia que confirmou o diagnóstico.
“O caso do Sebastião é um exemplo claro de como o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento do câncer de próstata. Quando o PSA elevado foi detectado, pudemos agir rapidamente com a biópsia e confirmar a doença ainda no estágio inicial, o que aumentou muito as chances de sucesso. Por isso, insisto nos exames de rotina, especialmente para homens a partir dos 50 anos, ou antes, se houver histórico familiar. Quanto mais cedo a doença é detectada, mais opções de tratamento eficazes podemos oferecer”, enfatiza o urologista Fabio Atz.
Sebastião está se recuperando e aconselha outros homens: “Eu nunca imaginei que poderia passar por isso, mas graças ao acompanhamento médico regular, descobri a doença a tempo. O medo de fazer exames não pode ser maior do que a vontade de viver.”
Novembro azul: a Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)
O aumento da próstata é uma condição comum em homens à medida que envelhecem, e está diretamente relacionado ao aparecimento da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB). A HPB é caracterizada pelo crescimento não canceroso da glândula prostática, o que pode gerar sintomas desconfortáveis, como dificuldade de urinar, jato urinário fraco, urgência para urinar e a necessidade de urinar diversas vezes durante a noite.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), cerca de 50% dos homens acima dos 50 anos apresentam algum grau de aumento da próstata, e essa proporção aumenta para 80% entre aqueles com mais de 80 anos. A HPB, embora benigna, pode afetar significativamente a qualidade de vida dos homens, principalmente devido às dificuldades urinárias que provoca.
O médico urologista Elizeu B. Neto nota que o envelhecimento é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da HPB. “Com o passar dos anos, é normal que a próstata cresça, mas esse aumento pode comprimir a uretra e interferir no fluxo urinário. Por isso, muitos homens, a partir dos 50 anos, começam a sentir que a urina não sai com a mesma facilidade de antes”, explica o especialista.
O tratamento da HPB pode incluir medicamentos que ajudam a relaxar os músculos da próstata, permitindo um fluxo urinário mais fácil, ou até procedimentos minimamente invasivos para reduzir o tamanho da próstata. Outras medidas como a redução de bebidas à noite e o controle do consumo de cafeína também podem auxiliar no controle dos sintomas urinários.