DONALD TRUMP VENCE ELEIÇÕES NOS ESTADOS UNIDOS E VOLTA A CASA BRANCA APÓS QUATRO ANOS

Rússia e China reagem com cautela à vitória de Donald Trump nos Estados Unidos
Quarta-feira, (06) de novembro de 2024
Donald Trump, 47º presidente dos Estados Unidos. — Foto: Divulgação 
Quatro anos após tentar se manter no poder sob alegações infundadas de fraude eleitoral e impulsionado por um movimento que culminou na invasão do Capitólio, Donald John Trump, 78, foi eleito presidente dos Estados Unidos, tornando-se o candidato mais velho a assumir o cargo. Segundo a Folha de S. Paulo, Trump foi declarado oficialmente vencedor na manhã desta quarta-feira (6), ao alcançar 276 votos no Colégio Eleitoral. Essa marca, além de assegurar seu retorno à Casa Branca, representou uma guinada à direita na política americana.

“Um mandato sem precedentes” foi como Trump definiu o resultado da eleição em seu pronunciamento durante a madrugada, na Flórida, enquanto observava a contagem de votos. Em uma virada expressiva, ele também conquistou o voto popular, com 68 milhões de votos, ultrapassando os 62,9 milhões obtidos pela vice-presidente Kamala Harris, que concorreu pelo Partido Democrata. Este feito marcou a primeira vez que um republicano conquista a maioria do voto popular desde a eleição de George W. Bush, em 2004.

Em um cenário de alta polarização, Trump ampliou sua base entre eleitores negros e latinos, resultado de uma estratégia que visou atrair jovens homens desses grupos demográficos, especialmente na Flórida, onde, pela primeira vez, o condado de Miami-Dade voltou-se para os republicanos. Até mesmo em Nova York, tradicional reduto democrata, o republicano demonstrou um avanço em relação às últimas eleições. O retorno de Trump ao cenário político foi ainda fortalecido pela recuperação do controle do Senado pelos republicanos, que garantiram 51 das 100 cadeiras, um golpe adicional ao Partido Democrata.

Sua vitória representa uma reviravolta histórica, especialmente após o episódio do ataque ao Capitólio em 2021, quando apoiadores, incitados por Trump, tentaram impedir a ratificação da vitória de Joe Biden. Além disso, o ex-presidente enfrentou processos judiciais sem precedentes, incluindo condenações por acusações criminais, algo nunca visto na história dos EUA. Mesmo com tais controvérsias, a resiliência política de Trump o coloca ao lado de Grover Cleveland, único presidente americano a governar em dois mandatos não consecutivos (1885-1889 e 1893-1897). Trump será lembrado, assim, como o 45º e também o 47º presidente dos Estados Unidos.

O retorno de Trump representa o início de uma nova era de incertezas e possíveis confrontos tanto na política interna quanto nas relações internacionais. Durante seu primeiro mandato, Trump foi cercado por uma equipe que limitava seus impulsos e suas políticas mais controversas. Agora, mais experiente, retorna à Casa Branca com uma equipe leal e alinhada com sua visão. Desde o ano passado, aliados como a Fundação Heritage vêm montando uma lista de potenciais funcionários para o novo governo, visando consolidar a base de apoio do republicano.

Na agenda de campanha, Trump retomou suas pautas anti-imigração e de corte de impostos, prometendo a maior deportação em massa da história dos EUA e benefícios fiscais sobre gorjetas e aposentadorias. Além disso, a campanha focou na insatisfação dos americanos com a economia, que enfrentou níveis recordes de inflação durante a gestão Biden. A promessa de Trump de recuperar o poder de compra e reforçar a economia doméstica fortaleceu seu apoio entre eleitores moderados e da classe média.

No cenário global, Trump utilizou o aumento das tensões em regiões como a Europa Oriental e o Oriente Médio como argumento de que o governo Biden havia perdido o controle da política externa. O republicano reafirmou sua boa relação com o presidente russo Vladimir Putin e prometeu buscar um cessar-fogo antes mesmo de sua posse oficial em 20 de janeiro. As declarações acenderam alertas na Europa, especialmente sobre o comprometimento dos EUA com a Otan, a aliança militar ocidental, que Trump já criticou no passado.

O republicano, que sofreu dois supostos atentados neste ano, fortaleceu entre seus apoiadores a imagem de um “destino inevitável”, reforçando seu status de figura quase messiânica entre seus seguidores do movimento "Make America Great Again" (MAGA). Analistas políticos apontavam que uma eventual derrota de Trump poderia oferecer ao Partido Republicano uma chance de se distanciar do trumpismo. No entanto, com a vitória, o futuro do partido parece cada vez mais ligado ao ex-presidente e ao seu movimento populista. Nesse cenário, o jovem senador J.D. Vance, seu vice, desponta como possível herdeiro político, trazendo uma visão conservadora e tradicionalista.

Trump agora se prepara para enfrentar os processos criminais pendentes contra ele, incluindo a acusação de ter tentado reverter o resultado das eleições de 2020. Com o Departamento de Justiça sob seu controle, muitos acreditam que ele pressionará para encerrar as investigações. Além disso, enfrenta uma sentença relacionada ao caso com a atriz Stormy Daniels e processos estaduais que podem enfrentar obstáculos legais. A vitória nas urnas reforça sua posição frente a essas questões, mas o futuro das ações ainda é incerto.

A reeleição de Trump representa uma virada sem precedentes nos Estados Unidos, refletindo um cenário de profundas divisões políticas e sociais. Washington e o mundo se preparam para uma fase de novos desafios e uma política externa que, ao que tudo indica, será marcada pelo isolamento estratégico e pela busca por fortalecimento da influência americana em detrimento das alianças tradicionais.

Rússia e China reagem com cautela
Rússia e China reagiram com cautela à vitória virtual de Donald Trump na corrida presidencial nos Estados Unidos. Ambos os países não são considerados aliados estadunidenses e disseram nesta quarta-feira (6) que vão esperar os próximos passos do republicano. As declarações foram feitas antes de Trump alcançar os 270 delegados necessários no Colégio Eleitoral, o que já se confirmou.

"Vamos tirar as nossas conclusões com base nas palavras concretas e em atos concretos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Ele disse não saber dos "planos do presidente (Vladimir Putin) para parabenizar Trump pela eleição", pois os Estados Unidos "não são um país amigo".

Já a China, apesar de não citar explicitamente o nome de Trump, disse esperar uma "coexistência pacífica" com os Estados Unidos.

"Continuaremos focando e administrando as relações entre China e Estados Unidos com base nos princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação benéfica para todos", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

"A nossa política em relação aos Estados Unidos tem sido coerente", acrescentou Mao. Ele disse ainda que a eleição presidencial dos Estados Unidos é um assunto interno. "Respeitamos a escolha do povo americano."

"Depois que os resultados das eleições americanas forem divulgados e anunciados oficialmente, trataremos dos assuntos relacionados de acordo com a prática habitual", apontou a porta-voz ao ser questionada se o presidente chinês, Xi Jinping, telefonaria a Trump para felicitá-lo.

As declarações dos porta-vozes foram dadas antes do resultado oficial, o qual já confirmou a vitória do republicano. O ex-presidente Donald Trump retorna à Casa Branca para mais um mandato, marcando a volta da extrema direita ao poder nos Estados Unidos.

Ao vencer na Pensilvânia, por volta das 2h30 no horário local (4 horas, no horário de Brasília) desta quarta-feira (6), Trump alcançou 267 votos eleitorais. Em um cenário em que estava virtualmente eleito, o republicano fez um discurso declarando a vitória, levando a alguns líderes mundiais a saudarem o novo presidente.

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