Sábado, 13 de fevereiro de 2021
Com o processo de instalação da Tombador Iron Mineração, iniciado no segundo semestre do ano passado, as comunidades ribeirinhas e de fundo de pasto, localizadas próximas a Serra da Bicuda em Sento Sé, já sentem os transtornos provocados pela entrada do empreendimento no território tradicional. Desmatamento, explosões e estragos em estradas já fazem parte da realidade da população local.
Apesar das denúncias e protestos realizados pelas comunidades tradicionais contra a implantação da mineração e violação de direitos por parte da empresa, o projeto minerário segue a todo vapor. No início desta semana, a companhia australiana divulgou na imprensa que pretende começar a extração mineral no segundo trimestre deste ano, com capacidade de produção de 400 toneladas de minério de ferro por hora.
Enquanto isso, as cerca de 2.000 famílias das 11 comunidades que vivem ao redor da Serra e ao lado do rio São Francisco seguem sem ser consultadas e informadas devidamente sobre o empreendimento, o que desrespeita o que é previsto na legislação.
Apesar da extração de minério ainda não ter começado, as famílias de trabalhadores/as rurais e pescadores/as já sentem os impactos de ter uma mineradora no local. Os transtornos vão desde a mudança na vida social, com o trânsito de pessoas de fora nas comunidades e ameaças à livre locomoção dentro do território, até impactos ambientais mais visíveis. No vídeo (anexo), é possível ver que parte da caatinga já foi desmatada.
De acordo com os moradores locais, os prejuízos causados pela retirada da vegetação nativa foram sentidos logo após as primeiras chuvas que aconteceram, ainda em novembro do ano passado. A estrada que dá acesso às comunidades Tombador, Retiro de Baixo e Retiro de Cima, entre outras, não aguentou a pressão da água e foi partida ao meio.
No início deste mês de fevereiro, outro problema passou a preocupar a população: as explosões. “Até agora a gente só tem visto impacto negativo. Tem acontecido algumas explosões, as pessoas estão ficando assustadas, algumas já relataram que o chão se treme todo, faz uma grande fumaça”, relata Wellington Oliveira, integrante da Comissão “Todos pela Vida”, que reúne representantes das comunidades atingidas.
Fonte: CPT
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