De Brasília até Petrolina (PE), destinação da verba pública passou por convênio assinado entre herdeiro político e ex-assessor de parlamentar e valorizou área onde família de congressista tem interesses imobiliários
Domingo, (09) de novembro de 2025
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| O ex-senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado Fernando Coelho Filho — Foto: Reprodução/Instagram |
Para executar a obra, a prefeitura — então comandada por Miguel Coelho, filho de Bezerra — firmou convênio com a Codevasf. A superintendência local da estatal era chefiada por um ex-assessor do senador, responsável pela interlocução durante o processo. Com o dinheiro liberado, a obra avançou sobre áreas privadas e abriu espaço para valorização imobiliária no entorno da nova avenida.
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| Empreendimento imobiliário fica próximo à Orla 3 — Foto: Editoria de arte |
Após deixar a prefeitura em 2022, Miguel Coelho passou a atuar no setor imobiliário. Duas semanas depois da inauguração da Orla 3, ele divulgou nas redes o lançamento de um condomínio de alto padrão a cerca de 200 metros do início do novo trecho. O empreendimento tem participação de uma empresa da qual ele é sócio. Miguel afirma que o prédio pertence à Orla 2 e que a permuta foi assinada em 2023, sem relação com a área recém-revitalizada.
Especialistas apontam risco de conflito de interesses. Para a Transparência Internacional, casos em que emendas de parlamentares beneficiam municípios governados por familiares, especialmente com sobreposição de interesses privados, violam princípios de impessoalidade e moralidade. Petrolina, base eleitoral dos Coelho, recebeu em média R$ 323 milhões por ano em emendas entre 2020 e 2025, superando municípios maiores como Recife.
Parte desse volume foi viabilizada pelo orçamento secreto, declarado inconstitucional pelo STF em 2022. Desde então, o tribunal endureceu regras de transparência, inclusive para emendas Pix e indicações diretas. Mesmo após as mudanças, o valor total destinado a emendas federais segue em expansão: passou de R$ 16 bilhões em 2015 para R$ 51 bilhões previstos no orçamento de 2025.
Em Petrolina, segundo o Globo, críticas se concentram nas prioridades de investimento. O vereador Gilmar Santos (PT) afirma que áreas periféricas carecem de saneamento e serviços básicos, enquanto a Orla 3 atende interesses de valorização e negócios privados. Segundo ele, a obra não corresponde às principais necessidades da população. A prefeitura sustenta que cumpriu todas as exigências legais e que a revitalização melhora mobilidade e qualidade de vida.
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