O Vale do São Francisco é o maior produtor e exportador de uvas e mangas do país. Para a safra deste ano, o prejuízo estimado é de 60 milhões de dólares.
Quinta-feira, (07) de agosto de 2025
As tarifas de importação de 50% impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros entraram em vigor na quarta-feira (6). Com a medida, produtores de frutas do Vale do São Francisco estão preocupados com os prejuízos e traçam novas rotas para exportação. Para a safra desse ano o prejuízo estimado é de 60 milhões de dólares.
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Fruticultura, Vale do São Francisco — Foto: Divulgação |
Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, uma fazenda que produz uvas para exportação há 35 anos, com duas mil toneladas por safra tem sentido o impacto. Tradicionalmente, 25% vão para os Estados Unidos. Mas, com o tarifaço, os produtores buscam novas alternativas para não inviabilizar o negócio.
"A própria Europa ainda tem países que estão crescendo o consumo de uva, como Espanha, Itália, França, e outros mercados que ainda podemos explorar, como os mercados do Oriente Médio, a própria Rússia. Então, existe também a possibilidade de exportar para a China, mas isso requer muito estudo, precisa desenvolver parcerias locais, né?", afirmou o produtor rural Edis Matsumoto.
O Vale do São Francisco é o maior produtor e exportador de uvas e mangas do país, com um mercado que gera cerca de 250 mil empregos diretos. Lucineide, que trabalha em uma fazenda há mais de 20 anos, vem acompanhando as notícias sobre o tarifaço do governo norte-americano com preocupação.
"A gente fica com medo de perder o emprego. Inclusive tem várias pessoas que quer trabalhar, colega de trabalho, que quer vir, mas fica difícil, né? Porque a gente tem a incerteza do amanhã o que é que vai ser, né?", disse Lucineide Silva, trabalhadora rural.
Em 2024, as exportações de frutas do Vale do São Francisco para os Estados Unidos geraram uma receita de cerca de 90 milhões de dólares. Em outra fazenda de Petrolina, nos últimos dias, as frutas estão indo para a Europa e para o mercado interno.
Segundo o coordenador dos Observatórios de Mercado de Manga e Uva da Embrapa Semiárido, João Ricardo Lima, a perspectiva para o mercado agrícola deste ano aponta desafios para os produtores. A redução da demanda pelos Estados Unidos, somada à falta de mercados alternativos suficientemente grandes, pode impactar a lucratividade.
"Tanto num mercado quanto no outro, significa que vai ter um aumento da oferta e provavelmente um menor preço recebido pelos produtores exportadores. Existem outros mercados, inclusive na própria América do Sul, mas não são grandes o suficiente ainda neste momento para absorver tudo que iria para os Estados Unidos. Então, o que é mais provável de ocorrer é uma redução de lucratividade das duas culturas no ano de 2025 a se manter esse cenário. Pode ocorrer tanto uma perda de ganhos, quanto inclusive empresas do Vale do São Francisco fecharem o ano com prejuízo", destacou o coordenador.
Mesmo com a taxação, especialistas que estão no mercado há muito tempo ainda confiam numa acomodação do mercado. E eles garantem que, vai ter fruta do Vale do São Francisco nos Estados Unidos ainda neste mês.
"Nosso plano é iniciar os envios no dia 10, dia 12, já começarão os envios para os Estados Unidos, mas fora os Estados Unidos, tudo está correndo normalmente, o mercado interno tesá aquecido, estamos tendo uma boa saída para o mercado interno, Europa continua tudo normalmente, a grande preocupação em relação à taxação são em relação aos valores, né? É é algo preocupante, mas não é algo que vai afetar a estrutura da empresa", afirma Fábio Aires, gestor comercial de fazenda.
Por g1 Petrolina
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