Moraes dá 48h para Bolsonaro explicar pedido de asilo à Argentina
Quarta-feira, (20) de agosto de 2025
Na noite desta quarta-feira (20), a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, por tentativa de obstrução de Justiça no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. Durante o curso da apuração, a PF encontrou mensagens reveladoras no celular de Bolsonaro, que indicam planos de fuga do país.
Entre as evidências obtidas, está um arquivo editável encontrado no smartphone do ex-presidente, contendo um pedido formal de asilo político à Argentina. O documento, que não possui data nem assinatura, foi elaborado com a intenção de ser apresentado ao governo argentino em regime de urgência, conforme indicado pelo conteúdo das mensagens analisadas pela PF.
Fuga planejada desde fevereiro de 2024
De acordo com o relatório da PF, o ex-presidente começou a articular a possibilidade de deixar o Brasil em fevereiro de 2024, quando começou a planejar sua saída para evitar a aplicação de penas relacionadas aos processos judiciais em andamento. Os investigadores afirmam que o conteúdo das mensagens, que inclui áudios e conversas com aliados, como o pastor Silas Malafaia e o próprio Eduardo Bolsonaro, reforça a suspeita de tentativas de intimidação de autoridades brasileiras e de sabotagem aos inquéritos sobre o golpe.
Além do arquivo de asilo, a PF conseguiu recuperar áudios e mensagens que haviam sido apagadas por Bolsonaro, mas que confirmam os esforços do ex-presidente e de seus aliados para obstruir a Justiça e prejudicar as investigações sobre o golpe que tentaram perpetrar.
Articulação para fuga
A descoberta das mensagens e do arquivo de asilo coloca em evidência o desespero de Bolsonaro para evitar as consequências jurídicas de suas ações. A tentativa de fuga para a Argentina, onde mantém uma relação estreita com o presidente Javier Milei, é mais uma tentativa de escapar da responsabilização pelos crimes que vêm sendo apurados pelas autoridades brasileiras.
A PF, que vem acompanhando de perto os movimentos do ex-presidente e de seus aliados, reforça que essa descoberta faz parte de um esforço contínuo para desmantelar as tentativas de obstrução da Justiça e de manipulação do processo legal. As investigações continuam, e novos elementos podem ser revelados nas próximas semanas.
Moraes dá 48h para Bolsonaro explicar pedido de asilo à Argentina
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para Jair Bolsonaro explicar um documento encontrado pela Polícia Federal em seu celular, com informações do repórter Renato Silva. O texto, segundo os investigadores, formalizaria um pedido de asilo político urgente ao presidente da Argentina, Javier Milei, e reforça suspeitas de que o ex-mandatário planejava fugir do país.
O arquivo foi localizado durante a análise do smartphone de Bolsonaro, apreendido no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. A PF indiciou o ex-presidente e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por tentativa de obstrução de Justiça, citando conversas e registros que apontam articulação para intimidar autoridades e dificultar o andamento das apurações.
De acordo com o relatório entregue ao STF, o documento estava em formato editável, sem data e sem assinatura, mas trazia argumentos de perseguição política e citava tratados internacionais de direitos humanos para embasar o pedido de asilo. O texto solicitava a proteção do governo argentino em regime de urgência, alegando risco à vida de Bolsonaro e iminência de prisão decretada no Brasil.
Os metadados do arquivo mostram que ele foi criado em 10 de fevereiro de 2024 e modificado dois dias depois, quatro dias após a Polícia Federal apreender o passaporte do ex-presidente. O criador aparece identificado como “Fernanda Bolsonaro”, associado a Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, nora do ex-presidente e esposa do senador Flávio Bolsonaro.
O relatório aponta que a carta poderia ser acionada como instrumento de fuga após a deflagração da Operação Tempus Veritatis, que apura a tentativa de golpe. Em dezembro de 2023, Bolsonaro já havia informado ao STF que viajaria para a Argentina poucos dias depois da apreensão de seu passaporte, movimento que agora ganha novo peso para os investigadores.
Além do rascunho do pedido de asilo, a PF extraiu mensagens e áudios do celular de Bolsonaro. Entre eles, conversas apagadas com o pastor Silas Malafaia e com Eduardo Bolsonaro, apontadas como parte de uma estratégia para pressionar e constranger integrantes do Supremo Tribunal Federal.
Silas Malafaia também foi alvo da operação desta quarta-feira (20). Agentes apreenderam seu celular e passaporte ao desembarcar no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa. O pastor foi levado a depor e, segundo a PF, atuava como “orientador” político de Bolsonaro e de seu filho nas articulações contra o Judiciário.
Com as novas evidências, o STF deve avaliar se Bolsonaro violou as condições da prisão domiciliar que cumpre atualmente. Enquanto isso, Moraes manteve o prazo de 48 horas para que o ex-presidente apresente explicações sobre o documento, apontado como prova de que planejava abandonar o país para escapar das investigações.
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