quarta-feira, 20 de novembro de 2024

PRESIDENTE LULA RECEBE XI JINPING, PRESIDENTE DA CHINA NO PALÁCIO DA ALVORADA; CHINA É O MAIOR PARCEIRO COMERCIAL DO BRASIL

“É a reunião mais importante já feita entre Brasil e China", diz Lula. Brasil e China se tornarão parceiros ainda mais próximos, com sinergias em vários campos econômicos. 
Quarta-feira, (20) de novembro de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quarta-feira (20) o presidente da China, Xi Jinping, em uma visita de estado, em Brasília. O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.

O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, em Brasília. Uma série de autoridades brasileiras e chinesas acompanharam. Do lado brasileiro, estavam Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Camilo Santana (Educação), outros ministros, Gabriel Galípolo (futuro presidente do Banco Central) e a ex-presidente Dilma Rousseff (atual presidente do banco do Brics)

Xi Jinping foi recebido com honras militares, apresentações da banda do Exército, e da Cavalaria da instituição. A exemplo do que ocorreu na visita de Lula a Pequim em 2023, crianças também participaram da recepção, balançando bandeirinhas dos dois países. Houve ainda a execução de canções chinesas. O líder da China está no Brasil desde domingo (17). Ele participou da reunião do G20, no Rio de Janeiro no início desta semana.

Xi Jinping faz uma visita a Brasília, mas de uma forma diferente de outras visitas desse tipo, quando outros chefes de Estado vão à capital federal. De acordo com o Itamaraty, isso se deve ao fato de ser feriado no Brasil, Dia da Consciência Negra, e os outros poderes estarem sem expediente. Durante as visitas de Estado a Brasília, tradicionalmente, os líderes visitantes costumam ir até as sedes dos três poderes: Executivo (Palácio do Planalto), Legislativo (Palácio do Congresso Nacional) e Judiciário (Palácio do Supremo Tribunal Federal).

No caso de Xi Jinping, o encontro com o presidente Lula ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, onde também será realizada cerimônia de assinatura de atos, declaração à imprensa e almoço. Depois, o presidente chinês participará de um jantar no Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, para o qual também foram convidadas outras autoridades.

Relações entre Brasil e China
Presidente da China, Xi Jinping, ao lado de Lula e Janja — Foto: Reprodução
Durante a visita de Xi Jinping ao Brasil, mais de 37 atos de cooperação serão assinados entre os dois países. Entre as pautas discutidas, os presidentes trataram de assuntos relacionados a políticas e programas de investimento e desenvolvimento dos dois países; relações bilaterais e coordenação sobre tópicos regionais e multilaterais.

Entre os atos assinados, estão acordos sobre aberturas de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional, cooperação em várias áreas, como indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde e cultura. As relações sino-brasileiras completam 50 anos em 2024. Brasil e China mantêm diálogo constante sob a coordenação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), e a cooperação em instâncias multilaterais, a exemplo da ONU, do G20 e do Brics.

Lula realizou visita de estado à China em abril de 2023, e a VII Sessão Plenária da COSBAN, presidida pelos vice-presidentes dos dois países, ocorreu em junho último. A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2023, a corrente de comércio atingiu recorde de US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras totalizando US$ 104,3 bilhões e importações no montante de US$ 53,2 bilhões, resultando no superávit brasileiro de US$ 51,1 bilhões, equivalente a cerca de 52% do superávit comercial total brasileiro.

Xi Jinping em Brasília
Lula e Xi Jinping durante o G20 no Rio — Foto: Ricardo Stuckert /Presidência da República / AFP
A comitiva presidencial de Xi Jinping "desalojou" todos os hóspedes e moradores de um complexo hoteleiro em Brasília, que fica ao lado do Palácio da Alvorada. Apenas um inquilino foi poupado: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O hotel fica a menos de um quilômetro do Alvorada, às margens do Lago Paranoá. É o espaço mais próximo da residência presidencial.

Haddad mora no hotel desde que se mudou para Brasília, no final de 2022. Questionado sobre a razão de ter sido poupado do despejo temporário, Haddad brincou. “Xi é brother”. A Embaixada da China no Brasil reservou o hotel inteiro entre os dias 18 e 21. O spa da unidade também foi fechado. Todos os trabalhadores da unidade foram dispensados. Durante a estadia de Xi Jinping, os serviços serão realizados por funcionários contratados pelo governo chinês.

Todas as quase 400 suítes foram completamente esvaziadas. Moradores tiveram, inclusive, que retirar roupas e outros pertences. Autoridades chinesas fizeram uma varredura minuciosa para a chegada da comitiva presidencial. Nos últimos dias, os acessos ao Palácio da Alvorada chegaram a ficar bloqueados em função dos preparativos da visita. A última vez que Xi Jinping veio ao Brasil foi em 2019, para a cúpula do Brics. Na ocasião, a comitiva chinesa ficou no mesmo hotel e também fechou o espaço inteiro.

“É a reunião mais importante já feita entre Brasil e China", diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, marcada para esta quarta-feira (20) em Brasília, será “a mais importante já feita entre Brasil e China”. A declaração foi dada durante entrevista ao canal chinês CGTN e reforça a expectativa de que o encontro consolide uma nova fase na parceria estratégica entre os dois países.

“Vamos ter uma reunião bilateral muito importante, onde vamos trabalhar a construção de uma parceria estratégica a longo prazo. Nós queremos compartilhar com a China aquilo que temos de especialidade, e a China compartilhar com o Brasil aquilo que ela tem de especialidade”, declarou Lula.

O encontro acontece durante a visita oficial de Xi ao Brasil, após sua participação no G20 no Rio de Janeiro. Será o primeiro encontro entre os dois líderes desde o início do terceiro mandato de Lula, em janeiro de 2023. A agenda inclui uma reunião bilateral de duas horas no Palácio da Alvorada, assinatura de acordos de cooperação e eventos formais, como um jantar no Palácio do Itamaraty.
Parceria estratégica e investimentos conjuntos

Lula destacou o papel da China na “transição ecológica e energética” do Brasil. Ele mencionou que empresas chinesas têm investido ativamente no setor de energia renovável, incluindo participações em licitações públicas e projetos de infraestrutura.

“A China tem participado muito ativamente na transição energética que estamos fazendo. Isso é muito importante porque o Brasil tem uma oportunidade histórica. Poucos países do mundo têm a possibilidade de produzir energia renovável como o Brasil tem. E aí os chineses têm dado uma contribuição muito grande”, disse o presidente.

Além disso, os dois países deverão anunciar um plano conjunto de investimentos estratégicos, evitando a adesão formal à Iniciativa Cinturão e Rota, popularmente conhecida como Rota da Seda. Segundo o assessor especial Celso Amorim, o objetivo é garantir sinergias em projetos prioritários sem comprometer a autonomia brasileira. “A gente quer a sinergia. Se para ter a sinergia eles têm que chamar de Cinturão e Rota, não tem problema. O que interessa são os projetos que têm essa sinergia”, explicou Amorim.

A parceria deve contemplar cerca de 50 projetos bilaterais, com destaque para infraestrutura, tecnologia, inteligência artificial e desenvolvimento de combustíveis sustentáveis.
Relações Brasil-China e desafios diplomáticos

Apesar do fortalecimento dos laços com a China, o Brasil mantém sua postura de não alinhamento. A decisão de evitar uma adesão formal à Rota da Seda reflete a necessidade de equilibrar as relações com as grandes potências, especialmente os Estados Unidos. Durante o governo Jair Bolsonaro, as relações com a China enfrentaram tensões devido a declarações ofensivas de membros do alto escalão, como o ex-chanceler Ernesto Araújo. Lula, no entanto, reforçou que respeita a soberania chinesa:“Não é o presidente do Brasil que tem que gostar ou não gostar do modelo chinês. Quem tem que gostar do modelo chinês são os chineses. Quem tem que gostar do modelo do Brasil é o Brasil.”

O fortalecimento da parceria com a China também é visto como uma oportunidade de ampliar o comércio bilateral e aumentar investimentos em áreas estratégicas. A expectativa é que a reunião em Brasília marque um novo patamar na relação entre as duas nações.

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