Sexta-feira, 20 de maio de 2022
O canal de investimentos destaca o fato de que Elon Musk vai ao encontro do "Trump dos Trópicos" e que tal reunião pode trazer benefícios eleitorais para Bolsonaro.
"A mídia brasileira informa que o bilionário da Tesla, Elon Musk, virá nesta sexta-feira (20) se encontrar com o presidente [Bolsonaro], cujo nacionalismo, golpismo e, não menos importante, uma predileção pelas mídias sociais, lhe rendeu a comparação com o ex-presidente dos EUA Donald Trump", diz o portal da Bloomberg.
O site de economia afirma que a viagem de Musk ao Brasil se dá em um momento que vários países deram um giro à esquerda, entre eles Argentina, Bolívia, Peru, México e Chile. E outras nações, como Colômbia e Brasil, segundo as pesquisas de intenção de voto, também devem eleger governos à esquerda.
Para a Bloomberg, um Twitter, que em breve deve ter Elon Musk como o seu novo proprietário, sem "censura à liberdade de expressão" pode ser uma arma potente para Bolsonaro tentar reverter o resultado contra o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Afinal, questiona o portal de investimentos, quais são os reais interesses de Musk na maior economia da América Latina?
Elon Musk: entre golpes políticos e financeiros
Em 2020, Elon Musk, após ser acusado de ter participado no golpe que destituiu o então presidente da Bolívia Evo Morales do poder, o empresário não se fez de rogado e afirmou que, sempre que necessário, "vamos dar golpe em quem quisermos, lide com isso".
Além de golpes políticos, Musk também já praticou rasteiras financeiras. Em agosto de 2018, o empresário declarou que iria vender a Tesla por US$ 420 por ação, com isso, as ações da empresa valorizaram mais de 15% em apenas um dia. Porém, a venda nunca ocorreu e o empresário foi penalizado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) com uma multa de US$ 20 milhões.
Em abril de 2021, Musk, que também é dono de boa parte das reservas de criptomoedas Dogecoin declarou que enviaria a moeda para lua em uma viagem que seria realizada pela sua empresa de turismo espacial Space X. Isso fez com que a criptomoeda valorizasse 29%.
Agora o empresário se encontra no meio de um imbróglio em torno da venda do Twitter: pouco antes da venda total da rede ser fechada, as negociações foram paralisadas a pedido de Musk e as ações da plataforma despencaram. Método Musk que chama?
As reservas de Nióbio e lítio da América Latina
Há um outro fator que também pode justificar a vinda de Musk ao Brasil: lítio e nióbio.
O Chile, a Argentina e a Bolívia (onde Musk teve participação no golpe) possuem as maiores reservas de lítio do mundo. O Brasil possui uma reserva de 8%. Mas porque o bilionário estaria interessado neste minério? Ele é essencial na fabricação de baterias para carros elétricos. Segundo o jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles, o presidente Bolsonaro deve tratar com Musk a construção no Brasil de uma fábrica da Tesla, que produz carros elétricos e necessita de lítio.
Além do lítio, o Brasil possui uma das maiores reservas do mundo de nióbio, localizada no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira com a Venezuela e a Colômbia. Estima-se que a reserva brasileira de nióbio nessa região seja de 2,9 bilhões de toneladas. E é justamente a região que Elon Musk vai visitar e este minério é fundamental para construções aeroespaciais, Musk é dono da SpaceX, empresa de turismo espacial.
O nióbio, que o presidente Bolsonaro tanto defendeu sua exploração durante as eleições de 2018, presente no município de São Gabriel da Cachoeira não pode ser explorado, pois, está dentro de um território indígena e dentro das áreas de proteção ambiental Parque Nacional do Pico da Neblina e da Reserva Biológica Estadual do Morro dos Seis Lagos.
O governo Bolsonaro, ao longo de seus quatro anos, tenta derrubar tais limites e liberar a exploração de minérios dentro de terras indígenas. Como se vê, a visita de Elon Musk ao Brasil envolve interesses muito além daqueles divulgados.
Diante disso, reforça-se a pergunta levantada pela Bloomberg: o que deseja Elon Musk na América Latina?
Com informações da Bloomberg e Brasil de Fato
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