Segunda-feira, 12 de Julho de 2021
Novas mensagens obtidas por meio da quebra de sigilo telefônico de Luiz Paulo Dominghetti revelam uma suposto envolvimento da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na negociação de vacinas superfaturadas da Davati Medical Suply com o governo brasileiro. O representante da empresa acusa o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de pedir propina de US$ 1 por dose de vacina.
Em conversa no dia de 3 de março com uma pessoa de identificada como Rafael Compra Deskartpak, Dominguetti fala sobre a negociação em andamento com o ministério e sobre a operação para tentar que o grupo chegasse diretamente ao presidente Jair Bolsonaro, segundo informações da coluna Radar, da revista Veja.
Ele diz a Rafael que "Michele está no circuito" junto ao "reverendo", em referência a Amilton Gomes de Paulo, que atuou para intermediar a aproximação dos vendedores de vacinas com o Planalto.
“Michele (sic) está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”, escreve. Rafael pergunta surpreso se é a primeira-dama e Dominguetti confirma: "Esposa sim".
Ainda não fica claro na conversa obtida de que forma Michelle estaria "no circuito" da negociação e se ela teria atuado como uma ponte para chegar em Jair Bolsonaro. O tema deve servir de combustível à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que deve se aprofundar nos questionamentos a respeito do suposto envolvimento da primeira-dama.
O depoimento do reverendo Amilton está marcado para quarta-feira, 14, mas pode não acontecer nesta semana. Ele apresentou um atestado médico de crise renal para adiar o seu comparecimento, mas o documento ainda será periciado a pedido do presidente da CPI, Omar Aziz.
Quatro minutos depois de comunicar a Rafael que Michelle Bolsonaro estava "no circuito" junto com o reverendo Amilton, Dominguetti comemorou o fato da negociação avançar e adentrar a "Presidência da República". No áudio, o representante da Davati deixa claro que com a notícia, então diretor da DLOG que teria lhe pedido propina ficaria em "segundo plano".
“O reverendo chegou na Presidência da República. Roberto Dias é segundo plano”, diz.
Menos de uma semana depois esta conversa, no dia 9 de março, Dominguetti escreveu a Cristiano Carvalho, CEO da Davati no Brasil, que ele recebia informações do "Gabinete do Presidente da República". Dois dias depois, o PM recebeu de um interlocutor a notícia de que o reverendo tinha falado "com Bolsonaro" e que "ele falou que vai comprar tudo".
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