Sábado, 02 de maio de 2020
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William/Agência O Globo |
Gilmar Mendes deu uma dura entrevista hoje de manhã a Kelly Mattos, David Coimbra e Luciano Potter, em que acusou Sergio Moro de vazar propositalmente a delação do ex-ministro do PT Antonio Palocci no segundo turno de 2018 com o propósito de favorecer Jair Bolsonaro.
"Ele (Moro) estava muito próximo desse movimento político, tanto que no segundo turno ele faz aquele vazamento da delação do Palocci. A quem interessava isso? Ao adversário do PT. Depois, ele aceita o convite, que é muito criticado, para ser ministro deste governo Bolsonaro, cujo adversário ele tinha prendido. Ficou uma situação muito delicada, se discute a correição ética desse gesto".
Perguntado se houve uma intenção política premeditada por parte de Moro ao publicar a delação, respondeu Mendes:
"A mim me bastam os fatos. O vazamento desta delação naquele momento tinha o intuito que se pode atribuir".
Gilmar revelou ainda uma conversa com Paulo Guedes em que o ministro contou ter pedido autorização a Bolsonaro para convidar Moro para ser ministro da Justiça "quando ele se tornou o responsável pela economia" — o que ocorreu ainda no primeiro semestre de 2018, portanto bem antes de quando publicamente se ficou sabendo do convite.
"Quando ele se tornou o responsável pela economia, da equipe de Bolsonaro, não sei em que momento, ele (Guedes) pediu autorização para convidar Moro para ser o ministro da Justiça. Disse ao Guedes que ele deve colocar isso em sua biografia. Deu uma grande contribuição ao Brasil, ao tirar Moro de Curitiba", afirmou o ministro, arrancando risadas dos entrevistadores.
Segundo Gilmar, a origem dos ataques ao STF estão na forma como o Lava Jato se contrapunha ao tribunal.
"Se o STF decidia alguma coisa que afetava a Lava Jato, era o STF que estava errado e a Lava Jato estava certa. Nesse contexto, se desenvolve esse repúdio ao STF, e a Lava Jato foi parceira. A Lava Jato de certa forma é a mãe ou o pai do bolsonarismo", afirmou.
O ministro disse ter ouvido que não percebe clima entre os políticos com quem conversa para que haja impeachment de Bolsonaro.
"Se houver a denúncia, o STF vai pedir a licença ao Congresso se delibera se concede ou não a autorização com dois terços, o que seria na prática o mesmo que o impeachment. O que sinto em Brasília conversando com políticos importantes é que não há vocação (para impeachment)".
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