Terça-feira, 16 de junho de 2019
O procurador José Alfredo de Paula Silva, coordenador do grupo de trabalho da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR), pediu demissão do cargo. A informação, antecipada pelo jornal O Globo, foi confirmada a EXAME pela equipe de comunicação do órgão. Silva pediu exoneração na última sexta-feira (12) alegando “motivos pessoais”.
Segundo O Globo, no entanto, ele estava insatisfeito com o ritmo lento das investigações da Operação, emperradas devido ao excesso de centralização do gabinete de Raquel Dodge, e com a tentativa dela de se reconduzir fora da lista tríplice. Duas importantes delações estavam em banho-maria na PGR: a do delator da Operação Carne Fraca, Daniel Gonçalves, e da operadora do PT na Bahia, Dalva Sele Paiva. Ambas, apesar de homologadas, não tiveram desdobramentos em operações, informou a VEJA recentemente.
A saída de Silva amplia o desgaste interno de Dodge, uma vez que ele ocupava um dos cargos mais importantes da sua gestão. O procurador era responsável pelas articulações das investigações com políticos com foro privilegiado na Lava Jato e fazia a ponte da PGR com as forças-tarefas da operação nos estados. Delação premiada, oferecimentos de denúncias, pedidos de operações policiais e de quebras de sigilo estavam no escopo de suas funções dentro da PGR.
Reunião
Nesta terça-feira (16), Dodge receberá integrantes da força-tarefa da Lava Jato, sediada em Curitiba, para avaliar os recentes vazamentos de mensagens entre procuradores da operação com o então juiz Sergio Moro, divulgadas pelo site The Intercept. As reportagens põem em xeque a conduta dos envolvidos, ao revelar supostos diálogos travados entre Deltan Dallagnol e outros integrantes do MPF e do próprio ex-juiz federal. Os citados afirmam não reconhecerem a autenticidade das mensagens, negam irregularidades e se dizem vítimas de crime de hackers que tentam manchar os feitos e anular processos ligados à operação.
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