Terça-feira, 16 de Outubro de 2018
A convivência com o semiárido de maneira digna, justa e com acesso a água será reforçada com a atuação de técnicos da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), que estão em processo de capacitação, no município de Feira de Santana, entre esta terça-feira (16) e quinta-feira (18), para atuarem no acompanhamento e manutenção de dessalinizadores implantados em municípios do semiárido.
Os dessalinizadores integram as ações do Programa Água Doce (PAD), que tem por objetivo garantir o uso sustentável dos recursos hídricos, promovendo a convivência com o semiárido a partir da sustentabilidade ambiental. A iniciativa prevê o tratamento da água subterrânea salobra ou salina captada por meio de poço tubular. Na Bahia, a estimativa é captar mais 500 mil litros de água, o que beneficiará diretamente mais de 100 mil pessoas.
O PDA é um programa do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a participação da Bahia no conjunto de ações dessa iniciativa, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), responsável pelo projeto em nível estadual, a Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb), responsável pela perfuração de poços e instalação do equipamento nas comunidades rurais e, agora, a CAR/SDR, que fará o acompanhamento técnico dos 150 dessalinizadores já instalados no Estado e os outros 145 a serem implantados, chegando a um total de 295.
O diretor-presidente da CAR, Wilson Dias, participou da abertura oficial da capacitação e apresentou como será a atuação dos técnicos da empresa no PDA. Ele explicou que serão dois anos de trabalho e que houve um interesse da empresa em prestar esse serviço à Sema porque “nós estamos tratando na verdade do futuro, pois na medida que a missão da CAR é promover o desenvolvimento regional, e dois terços do nosso território está no semiárido, com probabilidade alta de encontrar águas subterrâneas, o programa Água Doce abre horizontes. Vamos aproveitar o potencial hídrico para utilizar a água para abastecimento humano e na produção rural, estamos abraçando a causa
pois um futuro diferente nos espera”, afirmou.
Desenvolvimento e Aproveitamento
Luciana Santa Rita, técnica da Sema e coordenadora estadual do PAD, destacou que as ações do projeto vão além do acesso a água de qualidade. Segundo ela, “o PAD é um projeto que não está preocupado só com a meta física, com obra e instalação do dessalinizador, mas com toda a governança local e sustentável. Outro detalhe é que a inserção da CAR, que tem a expertise para o desenvolvimento econômico e rural, é importante para todo o processo”, enfatizou.
Lucas Carneiro, engenheiro da Cerb, explicou que nas ações do PAD é possível aproveitar todos os processos: “Se prestarmos bem atenção o sistema de dessalinização é um ciclo, tudo se aproveita, então você tem uma água do poço que é bruta, você pode utilizar para dessedentação animal, você tem a água doce, que é para consumo humano, e inclusive o próprio rejeito ou concentrado, que sai do dessalinizador, você pode utilizar para a criação de erva-sal para alimentação do animal, ou seja, você não perde nada, tudo se aproveita”.
Capacitação
Alexandre Saia, técnico e represente do Ministério do Meio Ambiente (MMA), explicou como está a execução do PDA e como é feito o processo desde a dessalinização da água, aproveitamento para criação de peixes, irrigação e cultivo de ervas e alimentação e engorda de caprinos e ovinos: “O diferencial desse programa é justamente a gestão compartilhada do sistema de dessalinização, onde a Comunidade, Estado e União vão ser responsáveis pela operação e manutenção desse sistema”.
Morena Santos, técnica da CAR, vai atuar no PAD e ressaltou que trabalhar no programa é fundamental para continuar contribuindo “com a segurança alimentar e nutricional de agricultores familiares e da produção, pois água é vida e saúde”. O PDA prevê o acesso mínimo de 5 litros de água potável por pessoa/dia nas localidades beneficiadas.
Sobre o Sistema de Dessalinização
O sistema de dessalinização é composto por poço tubular profundo, bomba do poço, reservatório de água bruta, abrigo de alvenaria, chafariz, dessalinizador, reservatório de água potável, reservatório e tanques de contenção de concentrado (efluente).
A água subterrânea salobra ou salina é captada por meio de poço tubular profundo e armazenada em um reservatório de água bruta. Em seguida, essa água passa pelo dessalinizador, que utiliza o processo de osmose inversa. A osmose inversa é um processo no qual membranas, que funcionam como um filtro de alta potência, conseguem retirar da água a quantidade e os tipos de sais desejados, separando a água potável daquela concentrada em sais.
A água dessalinizada é armazenada em um reservatório de água potável, para distribuição à comunidade, e o concentrado armazenado em um reservatório para ser encaminhado aos tanques de contenção e evaporação. De acordo com os costumes da comunidade, e a qualidade química do concentrado, parte do efluente pode ser utilizado em cochos para dessedentação animal ou “água de gasto”.
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