DEBATE DE LULA NA INTERNET VIRALIZOU: PRIMEIROS NÚMEROS INDICAM AUDIÊNCIA DE MAIS DE UM MILHÃO

Sexta-feira, 10 de Agosto de 2018
A estratégia da coligação PT-PC do B de confrontar a censura do Judiciário e da Band e a hegemonia das mídias conservadoras e realizar um debate com Lula, Haddad e Manuela nas redes foi um sucesso inesperado. Mais de um milhão de pessoas já havia assistido o debate às 10h30 da manhã desta sexta (10). Apenas na página oficial de Lula no Faceboook, eram 830 mil visualizações; na página da TV 247 no YouTube, no mesmo horário, já havia mais de 75 mil visualizações. No mesmo horário, havia 2,2 milhões de visualizações do debate da Band na página da emissora no YouTube. A audiência do debate na TV aberta chegou a 5,9 pontos, ao redor de 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo. 

Estão sendo consolidados os números de audiência na internet ao longo desta sexta, o que é uma tarefa complexa pela característica de dispersão das redes, mas há possibilidade de que a audiência do debate PT-PC do B eles seja ainda muito maior. É um momento histórico, porque nestas eleições, as redes sociais irão, pela primeira vez, enfrentar a narrativa da mídia tradicional, controlada pela direita.

Achavam que iam calar Lula...
A sistemática perseguição judicial a Lula colocou-o no centro do debate eleitoral. No programa da Band de ontem não foi ausente, foi o principal presente pela sua ausência.

Num dia em que o judiciário imoralmente pleiteia 16% de aumento, fora de qualquer padrão de decência da gestão pública, em tempos de retração e extinção de políticas públicas com congelamento orçamentário, a desembargadora relatora do mandado de segurança impetrado pelo PT para garantir presença física de Lula no programa, ousa falar em “drenagem de recursos públicos”, apontando o dedo para os advogados que insistem defender os direitos do partido e de Lula de participar da eleição. Fazer seu trabalho é, para a magistrada, drenagem de recursos públicos, mas torrar centenas de milhões com aumento de quem já ganha uma fortuna no serviço público, como ela, seria módico... ou “justo” como sugeriu um ator palaciano, mesmo que economicamente impraticável.

A contradição mostra a completa falta de apego da corporação judiciária pela realidade social do país. Vive nas sua redoma de bem estar e, sabichona, acha que podem, seus membros, interferir com autoridade em todos os setores da vida nacional, sobrepondo-se à vontade popular.

Querem Lula morto politicamente, mas a sociedade insiste em mantê-lo vivo. Quanto mais o perseguem, mais ele resiste, mais se torna presente, a ponto de um despacho raivoso de uma juíza não fazer qualquer diferença e, só por isso, não merecer sequer ser recorrido. O panorama ficou claro para todos: no TRF da 4ª Região, em que se julgam recursos de Lula ora a toque de caixa para interferir no processo eleitoral, ora a passo de cágado para deixá-lo no limbo processual, não haverá juiz independente para fazer justiça e o que ousar sê-lo, como o desembargador Favreto que concedeu a ordem de habeas corpus para Lula fazer campanha, será implacavelmente triturado em sua moral e reputação.

Mas, por mais que espumem de raiva, exarem despachos furiosos e exibam hipócrita indignação pela frustração de seu plano ideológico, Lula segue na liderança das pesquisas eleitorais e será registrado candidato dia 15 de agosto. Será um dia de choro, ódio e ranger de dentes para a magistratura ativista lava-jateira, incapaz de exercer imparcialidade; será, porém, um dia de regozijo e de festa para a grande maioria de brasileiras e brasileiros que não se deixam intimidar pela prepotência rasteira e abusiva de agentes públicos regiamente pagos com seus suados recursos, levados pela exação fiscal de um governo ilegítimo.

Ficará a lição: a burocracia não cala o povo, ainda que incensada pela mídia interesseira, pois quem hoje dorme nas ruas por não ter como pagar transporte caríssimo para casa; quem viu seus filhos saírem da miséria para as universidades; quem experimentou ter em casa facilidades banais, mas, antes, para si inalcançáveis, como geladeira e máquina de lavar; quem padecia da seca e hoje planta no sertão com as águas do Rio São Francisco - sabe distinguir entre aquele que luta com eles para projetar o Brasil como país justo, soberano e altivo no concerto das nações e quem arrogantemente quer lhe tomar o direito de voto para exibir seu poder de coação sobre o estado e manter seus privilégios. E, enquanto o lutador, Lula, é mantido vivo e presente, o tempo dos usurpadores da soberania popular tem hora para acabar.

LULA MANDA DIZER QUE QUER IR AOS DEBATES E APELA PELO FIM DA CENSURA
Após visita ao ex-presidente Lula, o porta-voz do petista e candidato a vice em sua chapa, Fernando Haddad, relatou o desejo de Lula em participar de debates dos candidatos, como a da Band na noite desta quinta-feira 9, que excluiu o PT.

"Se, de fato, como pensam nossos adversários, Lula está fragilizado e é um preso comum, por que impedi-lo de participar dos debates se o código eleitoral garante a sua participação expressamente? O código diz que qualquer candidatura, ainda que sob judice, tem suas prerrogativas e direitos garantidos", afirmou Haddad.

Ele destacou ainda que "a participação do Lula vai aumentar a audiência, as pessoas vão poder ouvi-lo, ouvir seus adversários e questioná-lo sobre qualquer tema. E ele está muito disposto a isso."

Lula "quer fazer a disputa olhando nos olhos do eleitor e dos adversários. Ele tem o desejo de enfrentar qualquer questionamento. Ele nos pediu para reiterar que tem o desejo de se expor, participar dos debates, enfrentar qualquer questionamento. Ele não tem medo do debate", completou o coordenador do programa de governo do PT.

"E faz um apelo não só para que a Justiça considere a legislação em vigor, mas para que seus adversários e os meios de comunicação lutem para o fim da censura. Porque ele está sendo censurado", reiterou. "Nós não vamos abrir mão do Lula porque o povo não abriu mão do Lula", concluiu Fernando Haddad. 

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), disse esperar "uma grande manifestação em Brasília" no próximo dia 15 de agosto. "Nossa chapa vai ser Lula-Haddad nos braços do povo", anunciou. "Vamos tomar todas as medidas para a participação do Lula, e se não conseguirmos, para a participação do Haddad. Nós não podemos e não queremos ficar fora dos debates", completou.

"Quem viu o debate da Bandeirantes ontem viu isso, faltou a maior parte do Brasil ali representado. Como é que um candidato que representa a maioria fica fora do debate?", questionou Gleisi. "Vamos usar todas os meios jurídicos e políticos para o PT falar, o que estão fazendo é uma violência", completou.

Questionada se Lula assistiu ao debate da Band, Gleisi respondeu que o ex-presidente "não viu o debate todo, apenas umas partes, mas achou que foi um debate com ausência de propostas".

PESQUISA XP MOSTRA HADDAD EM SEGUNDO LUGAR
Pesquisa XP Investimentos aponta o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) em segunda lugar na corrida presidencial, com 13% dos votos, quando associado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em primeiro lugar está o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), com 21% dos votos.

De acordo com o levantamento, a ex-senadora Marina Silva (Rede) fica na terceira posição, com 10%, seguida pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com 9%, e pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 7%.

O senador Álvaro Dias (Podemos) aparece com 5%. Na sétima posição está a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D'Ávila (PCdoB), com 3%. O ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) atinge 2% e Guilherme Boulos (Psol), 0%.

Os que não responderam somam 1%, e brancos e nulos ou que não votam em candidato algum, 26%.

Com Lula
No cenário com Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente vence com 31% dos votos, seguido por Bolsonaro (19%) e por Alckmin (9%). Na sequência aparecem Marina (9%), Ciro (6%), Alvaro Dias (5%), Manuela e Meirelles com 2% cada, João Amoêdo (Novo), com 1%, e Boulos com 0%, mesmo percentual dos que não responderam. Brancos e nulos ou que disseram não votarem em candidato algum somaram 15%.

Foram feitas 13 mil entrevistas ao longos dos meses maio, junho, julho e agosto. O levantamento tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

LAVA JATO SOFRE DERROTA COM DENÚNCIA DE JURISTAS INTERNACIONAIS
O programa Boa Noite 247 desta quinta-feira (9) destacou a carta de juristas internacionais denunciando arbitrariedades no julgamento do Lula, o recado do ex-presidente criticando a censura da Rede Bandeirantes, além do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski ter recebido os sete militantes que fazem greve de fome pela liberdade de Lula. 

Por meio de uma carta, um grupo formado por dez renomados juristas da Espanha, França e Argentina, entre eles o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, expressou preocupação pelo andamento do processo que condenou arbitrariamente o ex-presidente Lula. O Documento será entregue aos presidentes da França, Espanha e Portugal. Os ministros do STF também receberão a carta. 

O jornalista Alex Solnik afirma que a ação foi a mais importante da comunidade jurídica internacional. "O grampo de Sérgio Moro nos ex-presidentes Dilma e Lula, além do escritório de advocacia que defende Lula ter sido grampeado ,é um dos pontos mais arbitrários que os juristas apontam na carta", expõe. 

O jornalista Paulo Moreira Leite considera que a Operação Lava Jato, responsável pelo achincalhamento público e perseguição ao ex-presidente Lula, sofre mais uma derrota com a carta dos juristas. "Creio que há uma reversão no processo de Lula e a denúncia contida nesta carta é parte disso", comenta. 

Censura 
O ex-presidente Lula pronunciou-se a respeito da Rede Bandeirantes não o ter convidado para o debate presidenciáveis. O TRF-4 também vetou sua participação. "Sou candidato porque não cometi nenhum crime", afirmou o ex-presidente. 

O jornalista Alex Solnik avalia que a ação da Bandeirantes ao vetar Lula é um tiro no pé. "A emissora esvazia seu próprio debate", afirma. 

EMBAIXADOR TUCANO DIZ QUE BRASIL SÓ VOLTARÁ A CRESCER QUANDO LULA FOR SOLTO
Em uma longa entrevista ao jornal Valor Econômico publicada nesta sexta-feira, 10, o embaixador Marcos Azambuja, ligado ao PSDB, reconheceu que a finalização da pior crise política e econômica que atravessa o País passa pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Leia um trecho da conversa:

"O Brasil, conclui, é muito melhor do que achamos e muito pior do que suspeitamos. 'Não conheço quase ninguém, falando novamente de Brasil, que julgue viver pior hoje do que vivia 30 anos atrás.' Mas e se o relógio do tempo voltar cinco anos, a percepção não é de perda? A resposta a essa pergunta vem com a afirmação mais surpreendente de toda a conversa: 'O Brasil só vai voltar a crescer e a imagem do país só vai melhorar quando Lula for solto'.

Marcos Azambuja não participou da formulação da política externa do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a qual ainda hoje guarda reservas. Não tem militância de esquerda, nunca votou em Lula nem pretende fazê-lo. Ao longo dos últimos meses, ex-presidentes e ex-primeiro-ministros de quatro países europeus, entre os quais José Luiz Zapatero (Espanha), François Hollande (França), Massimo D'Alema (Itália) e Elio Di Rupo (Bélgica), subscreveram um documento pela libertação de Lula. Até o papa Francisco fez um gesto de boa vontade ao enviar uma bênção ao ex-presidente. Azambuja, no entanto, não cita nomes ou conversas para sustentar sua convicção. Simplesmente não vê como o Brasil possa retomar sua rota sem uma conciliação e não há como fazê-la com o ex-presidente preso."

Marcos Azambuja foi embaixador do Brasil na França (1997-2003) e na Argentina (1992-1997), Secretário-Geral do Itamaraty (1990-1992), Coordenador da Conferência Rio 92 e Chefe da Delegação do Brasil para Assuntos de Desarmamento e Direitos Humanos, em Genebra (1989-1990).


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