É ‘ANTIPATRIÓTICA’: GENERAL DETONA BOLSONARO POR PRECONCEITO CONTRA NORDESTINOS; FLÁVIO DINO REBATE PRESIDENTE: ‘POSTURA BELIGERANTE’

A agressão de Jair Bolsonaro a todos os nordestinos, chamados por ele de “paraíbas”, também incomodou os generais; para o general Luiz Rocha Paiva, as declarações preconceituosas de Bolsonaro foram “antipatrióticas” e “incoerentes”, além de “menosprezarem” a população da segunda região mais populosa do país

Sábado, 20 de junho de 2019
De militares a governadores, foram muitas as reações às polêmicas declarações do presidente sobre governadores do Nordeste. O general da reserva, Luiz Rocha Paiva, integrante da Comissão da Anistia, disse que o comentário é “antipatriótico” e “incoerente”. Já Flávio Dino (PCdoB), tido como o “pior” dos governadores pelo presidente, criticou o que chama de “postura beligerante” e “sectária” de Bolsonaro.

Antes de iniciar café da manhã com jornalistas, nesta sexta, 19, o presidente cochichou com Onyx Lorenzoni (Casa Civil). Um microfone captou o áudio: criticou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e orientou o ministro a “não dar nada” a ele.

“Tem que ter calma, mas mostrar pra ele o quanto perdeu com essa grosseria com que menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes. Um comentário antipatriótico e incoerente para quem diz ‘Brasil acima de tudo’”, disse o general à Coluna.

Em seguida, ele completa que não trata-de se uma defesa dos governadores da região (em sua maioria, são de oposição), mas sim dos seus “irmãos nordestinos”. “O Nordeste é o berço de Brasil. Sabia disto presidente?”, completou.

Do outro lado do especto, Flávio Dino, alvo nº1 do comentário do presidente, disse que “se dirigir a um governador com esse nível de ódio é revelador sobre a personalidade dele”. “Bolsonaro tem uma visão muito sectária, está sempre pensando em que o acompanha. Não busca ampliar espectro, tem uma postura beligerante. É um Trump piorado”, completou.

Questionado pela Coluna se haveria algum motivo para o presidente dizer que o governo não deve “dar nada” ao Estado, se o Maranhão tinha alguma demanda com o Planalto, respondeu de pronto que não e o “espantoso” do episódio foi que foi “gratuito”, do nada.

O governador, que está no seu segundo mandato no Estado e já foi deputado federal, relembra que, mesmo nos anos de ditadura militar, Brizola e Montoro, por exemplo, faziam críticas ao governo e havia certo diálogo. “É da tradição haver diálogo entre governadores e presidente, mesmo quando são de oposição. Havia antes de Bolsonaro um patamar mínimo civilizatório”, alfinetou.

Após a reprodução do vídeo em que Bolsonaro e Onyx conversam nas redes sociais do Planalto, de pronto houve uma resposta dos governadores. Lançaram uma carta conjunta, em que disseram ter recebido com “espanto e profunda indignação” a fala do presidente.

Flávio Dino disse ainda que, quando o presidente fala que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”, Bolsonaro se refere aos nordestinos de forma pejorativa, como “paraíba”. A expressão é comumente utilizada no Rio de Janeiro.

Como há trechos inaudíveis da conversa, não é possível saber o contexto da fala do presidente.

Por Marianna Holanda da Coluna do Estadão

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