Quarta-feira, 17 de Outubro de 2018
A campanha de Fernando Haddad (PT) produziu a sua mais forte peça televisiva até aqui, com denúncias graves sobre o adversário Jair Bolsonaro (PSL) – que ainda não são de total conhecimento da população brasileira. Pergunta-se ao espectador: “você sabe mesmo quem é Bolsonaro?”. A peça traz, então, a figura do coronel Ustra, agente torturador que espalhou o terror pelo país com as mais violentas e desumanas técnicas de tortura já feitas pelo regime militar. O depoimento de Amelinha Teles, ativista torturada pelo coronel – que é ídolo de Bolsonaro – complementa o grave tom de denúncia e esclarecimento oferecido pelo programa.
A peça cita também Steve Bannon, o assessor de Trump ligado a Bolsonaro que é acusado de sabotar regimes democráticos no mundo inteiro com a distribuição estratégica de fake news. A narração destaca que Bannon espalha o terror pelo mundo e que sua estratégia criminosa de comunicação é utilizada para vencer eleições e truncar regimes soberanos.
O texto complementa a conexão entre Bannon e Bolsonaro, afirmando que o ex-militar brasileiro já espalha o terror há 30 anos pelo país, com suas afirmações racistas e de incitação à violência.
É mostrado, então, o depoimento de Amelinha Teles, ativista torturada pelo coronel Ustra, no momento mais dramático da peça. Ela diz: “eles colocam muitos fios elétricos descascados dentro da vagina, colocam dentro do ânus, você grita de dor e você perde o equilíbrio e cai no chão e eles vem em cima de você mesmo para te estuprar. O momento de maior dor foi o Ustra levando os meus dois filhos para a sala de tortura onde eu estava nua, vomitada, urinada.”
Após o depoimento de Amelinha Teles, o programa de Haddad estampa a dedicatória de Bolsonaro ao Coronel Ustra, quando da votação do impeachment de Dilma Rousseff no Congresso Nacional. Bolsonaro diz: “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra”.
Assista ao programa da campanha de Fernando Haddad:
Bolsonaro aparece em seguida defendendo a tortura, atacando a democracia e dizendo que “através do voto, você não vai mudar nada nesse país”. Ele acrescenta: “e matando uns 30 mil”. O ex militar ainda diz: “se vai – sic – morrer alguns inocentes, tudo bem”.
O programa ainda denuncia a onda de violência provocada por seguidores de Bolsonaro, destacando que eles perseguem, agridem e matam. A foto da placa de Marielle Franco, depredada por candidatos do PSL (partido de Bolsonaro), é apresentada no vídeo como sintoma máximo da violência política – a vereadora foi executada com 9 tiros no centro do Rio de Janeiro há 7 meses.
Em seguida, surge a imagem de Moa do Katendê, capoeirista, músico e compositor, assassinado com 13 facadas por um bolsonarista, há uma semana.
Entre imagens sobrepostas da violência provocada por Bolsonaro e seguidores, o programa termina com a afirmação: “Bolsonaro, quem conhece a verdade não vota nele”.
MARCELO RUBENS PAIVA: É PRECISO MOSTRAR AO ELEITOR DE BOLSONARO QUEM FOI USTRA
O jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva afirmou que "é preciso mostrar o que o jovem eleitor de Bolsonaro não viu, não viveu, quem foi Brilhante Ustra, o que foi o DOI-CODI, que torturou meu pai até a morte (cujo crime foi ajudar a filha de um amigo a fugir do Brasil), prendeu humilhou seviciou minha mãe e irmã de 15 anos".
"Campanha do Haddad lavou a alma das vítimas na ditadura. Amelinha Teles e filhos contando dos horrores que passaram com o torturador Brilhante Ustra. A atriz Bete Mendes e muitos tb foram torturados por ele. Pelo homenageado por Bolsonaro, que comandou centro de tortura de SP", disse.
Bolsonaro já exaltou o coronel, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016.
Ustra é apontado como responsável por ao menos 60 mortes e desaparecimentos em São Paulo durante a Ditadura Militar (1964-1985) e foi denunciado por mais de 500 casos de tortura cometidos nas dependências do Doi-Codi entre 1970 e 1974.
A campanha do candidato da frente democrática, Fernando Haddad (PT), produziu uma peça com denúncias graves sobre o adversário Jair Bolsonaro (PSL). O interlocutor pergunta: “você sabe mesmo quem é Bolsonaro?”. A peça traz o coronel Ustra e o depoimento de Amelinha Teles, ativista torturada pelo coronel.
O coronel faleceu no dia 15 de outubro de 2015, aos 83 anos.
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