IML NÃO LIBERA O CORPO DE MÉDICO E FAMÍLIA DIZ QUE ESPERA É SOFRIDA

Segunda-feira, 16 de Julho de 2018
Com a falta de previsão para liberação do corpo do médico Denirson Paes Silva, 54 anos, familiares do cardiologista, assassinado dentro da própria residência, devem deixar o Recife e voltar para Campo Alegre de Lourdes (BA), cidade natal da vítima. Eles estavam na capital pernambucana para acompanhar as investigações e aguardar os restos mortais de Denirson para sepultamento no sertão da Bahia.

“A perspectiva da Polícia Civil era liberar o corpo hoje. Já tínhamos até passagem comprada para Petrolina, e de lá seguiríamos para Campo Alegre de Lourdes. Como não temos mais previsão por conta dos exames tanatoscópicos e da perícia antropológica, vamos voltar para casa e esperar de lá o Instituto Médico Legal informar quando podemos vir buscar o corpo”, disse um dos primos de Denirson que está no Recife e prefere não se identificar.

De Campo Alegre de Lourdes, os pais de Denirson, Francisco Ferreira da Silva, 79 anos, e Bertolina da Silva, 75 anos, dizem que a espera é sofrida. “Nossa expectativa era de que o corpo pudesse vir para casa hoje (nesta sexta). Estamos numa agonia de tanta espera. Moreninha (Bertolina) está muito triste, muito acabada, muito sofrida. Dos quatro filhos nossos, ele é o único falecido”, lamenta o pai de Denirson. O filho mais novo de Denirson e Jussara, Daniel Paes, 20 anos, continua em Campo Alegre de Lourdes sendo cuidado e amparado pela família paterna. “Foi uma tempestade na vida dele e ele não quer falar sobre isso”, diz o avô Francisco.

FIM DAS ESCAVAÇÕES 
A expectativa da liberação do corpo nesta sexta-feira tem um motivo. Após o quarto dia de escavações, policiais do Corpo de Bombeiros e técnicos da empresa Ranger SMS Alpinismo Industrial encontraram, na tarde dessa quinta-feira (12), a cabeça e o tronco do médico Denirson Paes Silva, 54 anos, esquartejado e carbonizado dentro da própria residência, no Condomínio Torquato Castro, km 12 da Estrada de Aldeia, município de Camaragibe. Os fragmentos, achados na cacimba, podem ser a peça-chave para desvendar a forma como o cardiologista foi assassinado, já que os suspeitos permanecem em silêncio. No mesmo dia em que a cabeça e o tronco do médico foram encontrados, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) negou pedido de habeas corpus, que reivindicava a soltura de Jussara Rodrigues Paes Silva e Danilo Paes, esposa e filho acusados de matar Denirson. Familiares da vítima estão convictos de que herança e pensão foram motivação do crime.

Com 90% do corpo encontrado, a Polícia Civil de Pernambuco e o Corpo de Bombeiros deram por encerradas as buscas na noite dessa quinta-feira (12). O material foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), onde está sendo submetido ao exame tanatoscópico, cujo laudo define a causa da morte, e perícia antropológica. “Nas buscas de ontem (quinta), foram encontradas partes ósseas, peles e músculos, que podem ser submetidos a exames toxicológicos. O material estava em avançado estado de putrefação e por isso não dá para saber se o tronco e a cabeça chegaram a ser carbonizados. O que podemos dizer é que agora temos uma chance muito maior de definir a causa da morte”, afirmou o chefe da Polícia Civil de Pernambuco Joselito Kehrle.

Ainda de acordo com ele, a cabeça e o tronco estavam abaixo dos 25 metros de altura, profundidade da cacimba do poço. “Os fragmentos estavam cobertos por muita areia e metralha, o que confirma a dinâmica da ocultação do cadáver. Primeiro foram colocados a cabeça e o tronco, jogaram areia e metralha e depois foram colocando outras partes do corpo e jogando por cima mais areia e metralha, até que afundasse e sedimentasse o material. E o uso da areia ajuda na proliferação das bactérias para evitar o mau cheiro. Toda essa dinâmica não nos deixa dúvidas de que a natureza jurídica do crime foi mesmo um homicídio qualificado”, explicou Joselito.

Segundo o chefe da Polícia Civil, a descoberta e retirada do material só foi possível graças ao uso de uma máquina de escavação, entre outros equipamentos, que estão sendo utilizados desde a última terça-feira. “Durante as escavações, foram sendo encontradas outras partes do corpo como os membros superiores e os membros inferiores, tudo em camadas cobertas por areia e metralha. Mas a primeira massa de restos mortais encontrada no último dia 04 de julho foi muito importante para a identificação e confirmação de que o DNA do corpo era mesmo do médico”, disse Kerhle.

HABEAS CORPUS 
Com o pedido de habeas corpus negado pelo presidente da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco, o desembargador Antônio de Melo e Lima, o advogado de defesa de Jussara Rodrigues Paes Silva, 54 anos, e Danilo Paes, 23 anos, deve recorrer agora ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), já que os recursos em primeiro e segundo graus já foram esgotados. “Estou em contato com a família de Jussara que mora em Campo Alegre de Lourdes para saber quais providências serão tomadas. Porque recorrer ao STJ gera custos e a família de Jussara que pode ou não autorizar esses gastos”, disse o advogado de defesa Alexandre Oliveira.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, os acusados permanecem em silêncio. Com o pedido de habeas corpus negado, os dois continuam em prisão temporária, solicitada pela polícia e acatada pela justiça, por um período de 30 dias, a contar do dia 05 de julho. “A prisão temporária pode ser prorrogável por mais 30 dias. A polícia deve pedir à Justiça a prorrogação da prisão temporária ou a prisão preventiva dos dois”, colocou o chefe da PCPE Joselito Kerhle.

CRONOLOGIA
No dia 30 de Maio houve o cancelamento da viagem de Denirson para os EUA, que tinha voo marcado para o dia 02 de junho. O desaparecimento do médico passou a contar no dia 31 de maio. Um registro do sumiço foi registrado por Jussara na Delegacia de Camaragibe no dia 20 de junho.

Com suspeitas sobre o caso, foi emitido uma Mandado de Busca e Apreensão 13 dias depois. Com a chegada da polícia na residência da família, os restos mortais de Denirson foram encontrados na cacimba, no dia 04 de julho. No mesmo dia, os dois foram autuados em flagrante por ocultação de cadáver. (DP).

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