OPERAÇÃO LAVA JATO POLÍCIA FEDERAL CUMPRE MANDADOS DA OPERAÇÃO LAVA JATO EM PETROLINA, PE

Quinta-feira, 03 de agosto de 2017

Agentes cumprem 9 mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária, no Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Recife e Petrolina. Suspeitos teriam recebido R$ 35,5 milhões em propina de obras públicas.
Alexandre Pinto foi preso na Zona Oeste do Rio (Foto: Cristina Boeckel / G1)
O ex-secretário municipal de Obras do Rio nas duas gestões do ex-prefeito Eduardo Paes, Alexandre Pinto, foi preso por agentes da Polícia Federal (PF) em mais um desmembramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (3). Ele estava em casa, em um condomínio de luxo na Taquara, na Zona Oeste do Rio.

Alexandre Pinto é um dos dez alvos da operação, que foi batizada de "Rio 40 graus". O Ministério Público Federal investiga um grupo suspeito de receber R$ 35,5 milhões em propina de obras públicas. As apurações têm como base a delação da empreiteira Carioca Engenharia.

Segundo delatores, propina era cobrada nas obras do corredor de ônibus Transcarioca, que custou R$ 2 bilhões, e nas de drenagem de córregos da Bacia de Jacarepaguá, com custo estimado em R$ 230 milhões. O MPF diz que o ex-secretário de Obras é suspeito de pedir 1% do valor das obras. Uma pessoa ligada ao Ministério das Cidades também recebia 1% do valor das obras, porque elas foram feitas com recursos de Brasília, de acordo com as investigações.

Mandados judiciais
Os agentes da PF estão nas ruas, desde o início da manhã, para cumprir nove mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária, três conduções coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão. Nove mandados de prisão foram cumpridos no Rio e um em Pernambuco, onde foi confirmada a prisão de Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do ex-deputado Pedro Corrêa.

Há mandado de condução coercitiva (quando alguém é levado para depor) contra o ex-subsecretário de Obras Vagner de Castro Pereira e o ex-presidente da Comissão de Licitação da Secretaria Municipal de Obras Miguel Silva Estima. Outro alvo da ação é a advogada Vanuza Sampaio, que foi levada para a sede da PF.

Também há um mandado de condução coercitiva contra o advogado Luciano Ramos Volk, na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, mas que não foi cumprido. A Polícia Federal entrou no prédio, mas não o localizou. Já o mandado de busca e apreensão foi cumprido no apartamento de Luciano.

Todos os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Advogada é levada por agentes até a sede da Polícia Federal no Rio

PMDB é investigado
Essa fase da Lava Jato passa a investigar não só a organização criminosa que, segundo os investigadores, era chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, mas também a organização criminosa que teria ligações com o PMDB no município e no estado do Rio de Janeiro.

Em nota, o ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que Alexandre Pinto é um servidor de carreira da prefeitura do Rio e a política não teve qualquer relação com sua nomeação para a função de secretário de obras. "Ao contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o resultado dessa investigação", disse Paes.

O PMDB disse que "apoia a operação Lava Jato e reitera a necessidade de celeridade nas investigações".

Segundo a investigação, as obras da etapa 2 do BRT Transcarioca, trecho de ligação da Penha ao aeroporto do Galeão, foram contratadas por cerca de R$ 540 milhões, e a propina foi paga em três frentes: ao Ministério das Cidades, ao secretário municipal de Obras e aos fiscais responsáveis pelo acompanhamento da obra.

A 7ª Vara determinou a prisão preventiva de Laudo Dalla Costa Ziani, que pediu a Antonio Cid Campelo, representante da OAS e do Consórcio Transcarioca Rio, o pagamento de 1% do valor do contrato para repassar a agentes públicos vinculados ao Ministério das Cidades. O objetivo era viabilizar a liberação dos recursos para o projeto.

Neste esquema, foi identificado o pagamento de R$ 6,49 milhões por meio de contrato fictício com o escritório de advocacia de Vanuza Sampaio.

Ainda de acordo com as investigações, teria ficado acertado com Alexandre Pinto o pagamento de propina de 1%, que era entregue em dinheiro diretamente ao ex-secretário. A negociação foi citada em delação da engenheira Luciana Salles Parentes, que trabalhava na Carioca Engenharia. A delatora disse que tomou conhecimento da exigência de pagamento por meio de Antonio Cid Campelo, da OAS.

Já os fiscais Eduardo Fagundes de Carvalho, Ricardo da Cruz Falcão e Alzamir de Freitas Araújo solicitaram 3% do valor executado, que era pago em dinheiro ao final do expediente no próprio canteiro de obras por funcionários da Carioca Engenharia, sempre que a Prefeitura liquidava parte do contrato.

O esquema funcionava de maneira similar nas obras de recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá, com custo inicial estimado em R$ 230 milhões. A obra foi executada pelo Consórcio Rios de Jacarepaguá, composto pela Carioca Engenharia e pela Andrade Gutierrez.

Ao todo, os valores de propina solicitados às empreiteiras alcançavam R$ 27 milhões nas obras da Transcarioca e pouco mais de R$ 9 milhões quanto às obras de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá, que, no entanto, não chegaram a ser integralmente pagos.

Entre os alvos da ação estão são lobistas e fiscais da prefeitura responsáveis pelas obras. Essa é a primeira vez que a Lava Jato fluminense chega na esfera municipal. As investigações foram iniciadas há oito meses.

De acordo com o site da prefeitura, o ex-secretário Alexandre Pinto começou a trabalhar no governo municipal em 1987, quando ingressou nos quadros como diretor da Coordenadoria Geral de Conservação (CGC). Ele também foi presidente da Rio-Águas e subsecretário de Águas Municipais, até chegar à Secretaria de Obras, pasta que assumiu no segundo semestre de 2009.

Próximos passos
Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional do estado.

TV Globo)
Agentes da PF vasculharam BMW e Ford Edge Limited na garagem da casa do ex-secretário de Obras (Foto: Cristina Boeckel / G1)
Advogada Vanuza foi encaminhada por agentes federais para a sede da PF na manhã desta quinta (3) (Foto: Bruno Albernaz / G1)

Mansão de Alexandre Pinto na Zona Oeste do Rio (Foto: Cristina Boeckel / G1)
Ex-secretário de obras do Rio, Alexandre Pinto está preso na Operação Lava-Jato
PF na casa do ex-secretário do Rio, Alexandre Pinto (Foto: Reprodução / TV Globo)
Por Arthur Guimarães e Leslie Leitão *, G1 Rio, TV Globo e GloboNews

Colaboraram: Bruno Albernaz, Cristina Boeckel, Diego Sarza, Guilherme Peixoto, Paulo Renato Soares, Pedro Neville e Raquel Honorato.

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Zé Carlos Borges

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